terça-feira, 30 de novembro de 2010

As condutas da Igreja Evangélica frente aos Meios de Comunicação e muitas perguntas...

Nos dias atuais, geralmente a maioria das igrejas brasileiras, tem demonstrado entusiasmo pelos benefícios    (Evangelismo, Ensino, Divulgação, Administração) que os meios de comunicação de massa e digital trazem a elas. Com exceção de algumas,  como por exemplo a Congregação Cristã no Brasil, mas se dermos uma pesquisada na internet, aqui e acolá  ao menos oficiosamente, ela também tem se mostrado ´´seduzida`` pelos novos meios de comunicação. 

Mas nem sempre foi assim, a princípio as igrejas expressaram muitos temores e resistências a respeito dos meios de comunicação de massa, e os combateram geralmente com:
  • críticas paternalistas : Quem tinha autoridade para transmitir a mensagem eram as pessoas e principalmente os ministros e não uma máquina, uma caixa;
  • críticas autoritárias: Os fiéis não tinham o direito de saber o que era certo ou errado sobre os meios, eles tinham que obedecer sem questionamentos;
  •  e críticas  pré – conceituosas : Os meios de comunicação  eram caixas do diabo, imagens que contaminavam o templo de Deus (Ez 8:12 ) você se lembra deste argumento?, voz do diabo, etc...).
A abertura no entanto desta relação inicialmente conflituosa foi lenta e gradual.Ela se deu a partir da liberação e utilização do rádio,  e depois, bem depois,  com a utilização da televisão aos poucos para a divulgação do evangelho. Com a chegada da internet, o que era feito a passos largos e lentos, começou a ser feito a passos curtos e ligeiros, e por isto com mais probabilidade de tropeços.

Os filhos das trevas ´´infelizmente`` são mais prudentes do que os filhos da luz. Pois,  ao ter acesso a comer  mel, quando estava somente acostumada ao açucar mascavo, a igreja evangélica acabou por se lambuzar todinha.

A posição atual da igreja evangélica brasileira  como instituição, pode ser exemplificado com a decisão da IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil) quando da reunião ordinária da Comissão Executiva do Supremo Concílio ocorrida entre 22 e 23 de março de 2010 em Barueri- SP,  onde os pastores da igreja  foram incentivados ao uso dos atuais meios de comunicação com as seguintes palavra, “Devemos usar esses instrumentos da vida moderna para levarmos a Palavra de Deus. Há cidades em que um missionário não pode entrar, mas as pessoas dessas mesmas cidades têm da IPB. acesso ao mundo virtual. Ou seja, podemos chegar até eles, sim”, comemorou o reverendo que finalizou afirmando a todos que precisamos tomar posse do “dom da mídia”.

A questão não é se  a igreja deve ou não utilizar os meios, mas deve ser a seguinte. Será  que a igreja para utilizar qualquer meio de comunicação não  deve estudar a fundo o quanto este meio altera, influencia a mensagem que será levada e quais são as possíveis  mudanças de pensamento e comportamento que tais meios podem trazer para e nas pessoas? E isto, requer um estudo que em hipótese alguma é rápido, antes é bem demorado.

 Não devemos pensar unicamente nas vantagens pragmáticas, financeiras, que tais meios podem trazer, mas sim, como eles  se relacionam com os propósitos imutáveis da Palavra de Deus.       

A obra missionária e de evangelização, com certeza precisa de dinheiro, não sou ingênuo a ponto de negligenciar isto. Mas será que para economizarmos dinheiro através da utilização da internet, estariamos realmente  cumprindo integralmente o Ide?  E a televisão, será que os altos custos de produção e manutenção de horário nas redes de televisão é realmente tão vantajoso para a expansão do Reino de Deus?  Quantos missionários poderiam ser enviados?  Quantas pequenas e médias igrejas poderiam ser construidas?  Quantas pessoas poderiam ser alcançadas com escolas, hospitais, orfanatos, asilos, com o dinheiro que é direcionado para a emissoras de televisão? O interesse ao entrarmos com tudo no mundo televisivo, será realmente o de expandir o Reino de Deus ou será somente para divulgar o nome da denominação e assim fortalecê-la politicamente ?

Quando  por exemplo a Bíblia diz,  que Jesus  Cristo ´´ se fez carne`` isto não tem nenhum significado para a evangelização?

Quando a Biblia diz que Jesus percorria, andava, por toda a Terra Santa, será que isto é somente uma metáfora?

 Quando a Bíblia diz que Cristo tocou, estendeu suas mãos, olhou ´´fisicamente`` para as pessoas, isto não tem nenhuma aplicação prática,  para a igreja em nossos dias? Você sabe me dizer qual a diferença entre olharmos com os olhos físicos e visualizarmos algo  através de uma tela?

 Quando a Bíblia diz que Jesus veio ´´na Plenitude dos Tempos``, isto não nos revela nada? Ou seja, a Plenitude dos Tempos,  o momento histórico que Deus escolheu para se tornar em sua totalidade Emanuel – Deus conosco, não nos ensina nada?

Por que Deus não escolheu o século XXI para ser a plenitude dos tempos?

Afinal Ele é o Senhor do Tempo, tanto Kairós, como Cronos, ele poderia caso quisesse,  fazer isto, mas não o fez. Ele não escolheu o tempo do mundo virtual para chegar fisicamente até nós, Ele escolheu o tempo do mundo físico, concreto, e isto não nos ensina nada?

Abraço
Elias

Bibliografia
VALLE,Carlos A. Comunicacion y Mission – En el laberinto de la globalizacion,São Leopoldo, Ed.Sinodal,2002.

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