Seus ídolos são prata e ouro,
Obras de mão de homem.
Têm boca e não falam;
Têm ouvidos e não ouvem;
Têm narizes e não cheiram;
Têm mãos e não manejam;
Têm pés e não caminham,
Nem falam pelas suas gargantas.
Quem os fez será como eles,
Como eles todos os que neles confiam.
O teórico da comunicação canadense, Marshal Mclluhan ( 1911 - 1980) a partir deste trecho do Salmo 115,afirma que o ´´Salmista insiste em que a contemplação dos ídolos ou o uso da tecnologia, conforma os homens a eles: “Quem os fez será como eles.” Desta forma ele entende e defende que o MEIO é a mensagem. Ou seja, aqui já podemos introdutoriamente dizer que os MEIOS não são simplesmente caixas vazias, eles influenciam sim, no conteúdo na mensagem que ele está transportando.Assim sendo os conteúdos também são o que são devido às características do aparelho que o conduz e também do estado do telespectador.
Segundo Mcluhan, toda forma, meio de transporte de comunicação não apenas:
· Conduz: ele,também...
· Traduz: o conteúdo, a mensagem, como por exemplo: Para transmitir um conteúdo sobre qualquer assunto ou tema o Rádio se trabalhado de forma séria e profissional irá transmitir o tal assunto ou tema procurando atingir ao máximo o sentido da audição, o qual é bem atento a questões como organização, cadência, lógica, sensibilidade. A audição, diferentemente do olho frio e neutro, é hiperestética, sutil e todo-inclusiva. Assim sendo, a mensagem será entendida e por conseguinte traduzida de uma forma muito mais ampla. Já o mesmo assunto ou tema na Televisão deverá seguir o padrão televisão de transmissão, muito mais visual, onde o apelo deve ser para a imagem (cor, disposição,tamanho) e principalmente para as emoções. O qual fará a mensagem ser entendida de uma forma e traduzida de uma forma bem diferente.
· Transforma: O receptor. O livro por exemplo ajuda as pessoas a se transformarem em pessoas mais detalhistas, metódicas, intimistas, reflexivas. O rádio (programas sérios de jornalismo, debates) ajuda as pessoas a se tornarem mais argumentativas, cadenciadas, Imaginativas, capazes de associar em conceitos e de terem mais facilidade para concentração mental. Já a Televisão faz as pessoas ficarem com o pensamento abafado, não é possível acompanhar conscientemente mais nada (Exercício: tente assistir a qualquer programa e pensar em cada imagem e no que se está dizendo.Sobrevém exaustão mental após ½ - 1 minuto). A Vontade – Ação vai se tornando cada vez mais inoperante. Quanto ao computador ele torna as pessoas menos criativas ( a criatividade segundo Domenico de Masi é a soma da fantasia + concretividade), por isto força um pensamento lógico-simbólico, ele ainda induz a fragmentação mental e comportamental, como por exemplo:
• Fazer várias coisas ao mesmo tempo
• Fazer tudo rápido
• Prejudica a capacidade de concentração
Ele ainda leva a Alienação da realidade (espaço virtual), pois Induz indisciplina do pior tipo: mental
Para Mcluhan portanto o Meio é um elemento determinante da comunicação.
O Teórico Neil Postman elaborou uma fábula para demonstrar como a inserção de meios de comunicação em dado ambiente não acrescenta algo a ele, antes na verdade o modifica. Certo animal predador foi transportado para um novo meio ambiente, lá chegando ele passou a devorar pequenos animais e insetos que mantinham o equilibro daquele ecossistema, com o passar dos meses, muitos animais já não existiam naquele ambiente, muitos pequenos insetos também, isto trouxe uma modificação tão grande aquele ambiente, que a caça foi afetada, pequenos animais que conseguiam manter em equilibrio a presença de insetos haviam diminuido de tal maneira, que a presença de insetos estava atrapalhando o crecimento de determinado tipo de flora. Assim sendo, quando principalmente os meios que usam telas entram em determinada realidade ou assunto eles o alteram radicalmente.
Alguns no entanto enxergam o Meio como:
· Transparente, Inócuo, Sem condições de determinar os conteúdos; porém tanto Mcluhan como Postman entendiam e os brasileiros Setzer e Muniz Sodré entendem os Meios não como ferramentas neutras.
Portanto para eles quando assistimos um Programa religioso na TV:
O Transmissor(Apresentador) que ali aparece, todo maquiado, com um jargão televisivo, dentro de um estúdio( se não é um estúdio, eles transformam a plataforma em estúdio) é tudo, menos o que ele é na vida real, ali ele ( o apresentador) é uma personagem.
O Receptor(Telespectador) é tudo, menos um ser humano totalmente consciente e ativo mentalmente ( Para se ter consciência plena, raciocíonio ativo diante de um programa televisivo é necessário ter informações e conhecimentos de como o aparelho atinge as pessoas e as induz a comportamentos inconscientes.
A Mensagem(Pregação) é tudo, menos a Pregação completa da Palavra de Deus. Porque o Meio exige que a mensagem se conforme a sua estrutura ou ao seu padrão, geralmente voltado para o lado mercantilista ou para questões existencialistas somente.(Aqui, não estou negligenciando o poder do Espírito Santo de levar e conduzir a mensagem da Palavra de Deus por qualquer meio, isto seria reducionismo de minha parte, o que estou enfatizando é que Deus pode ´´SIM`` usar o Meio, não porque precise dele, mas apesar dele.)
Aviso de Neil Postman: ´´Um pregador que se limitar a pensar de que modo um meio de comunicação pode aumentar sua audiência não perceberá o que realmente importa: em que sentido um novo meio de comunicação altera o significado de religião, da igreja e até mesmo de Deus``.(POSTMAN, Tecnopólio, 1994)
Abraço
Elias
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