terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Para onde a leitura nos conduz? (Textos Pedagógicos)


Introdução
Uma das atividades ´´espirituais`` do ser humano, que lhe permitiu desenvolver ainda mais seu potencial cognitivo, com certeza é a leitura. Neste caso, cito a leitura da escrita fonética, uma das tecnologias mais importantes inventadas pelo ser humano.

Na priimeira parte deste artigo, colocarei dois aspectos da escrita fonética, primeiro destacando seu caráter abstrato e em segundo lugar seu aspecto negativo quanto as metodologias usadas para a alfabetização de crianças, logos depois,  colocarei três locais não físicos, para onde a leitura nos conduz, começando com o ter acesso a informação, depois como através da leitura nos apropriamos da lingua, e encerrando esta parte do texto, escrevo, como podemos  construir a nós mesmos pela leitura.

A escrita fonética é altamente abstrata, pois os signos que conhecemos hoje como letras consoantes e vogais em nada representam algo da realidade objetiva, são caracteres convencionais,  totalmente diferentes dos ideogramas que tem uma forte carga de concretividade.

Ela também é perniciosa  para a alfabetização das crianças, principalmente através dos métodos tradicionais,  pois a criança em idade de alfabetização em seu desenvolvimento cognitivo não deveria ser inicialmente alfabetizada com algo que está totalmente distante de sua realidade corporal e psiquica, ou seja, com uma escrita ligada ao alfabeto fonético, abstrato. Na verdade, a criança deveria ser aos poucos e de forma muito criativa introduzida na aprendizagem da leitura através de uma alfabetização permeada de arte (poemas, músicas, histórias adequadas a idade, desenhos livres, artesanato), execícios de ritmo e lateralidade e associando inicialmente as letras a realidades concretas do dia a dia das crianças e a histórias ricas em ensinamentos práticos, éticos e religiosos.

Estas considerações iniciais que aparentemente não transmitem uma visão positiva  do alfabeto fonético, foram colocadas conscientemente na introdução deste texto, para permanecermos dentro do propósito crítico deste blog o qual procura mostrar que toda tecnologia dependendo das circunstâncias onde, como e na idade no qual é utilizada, pode ter aspectos negativos como positivos. 

Mas com certeza, o alfabeto fonético também é o modelo de escrita que permitiu ao ser humano um alto grau de desenvolvimento filosófico-científico, principalmente a partir  do final da idade média. E é sobre a leitura deste tipo de alfabeto que me proponho a expor, e assim apontar três aspectos, para onde ela nos conduz.

Ter acesso a informação
A leitura possibilita ao ser humano acesso a informação. Informação aqui,  relacionada com aquilo que vem de fora para dentro, pois o ser humano também possui informação  interiormente´´armazenada``, como por exemplo, quando ele sente uma dor ou intuitivamente pensa em algo. Mas aqui, a informação é aquela que vem por meio de representação simbólica como dados, sob forma de texto, figuras, gráficos, fotos, enfim aqueles dados que estão inseridos em um texto escrito.

Assim sendo, o ser humano só obtem informação de um texto escrito, através da compreensão daquilo que se encontra nele, nas formas citadas acima. Desta forma, a informação contida em um texto escrito, possibilita ao ser humano:
·         resolver intelectualmente problemas com uma nova compreensão advindas do texto escrito ;
·         adquirir entendimento teórico para a construção de conceitos, categorias, hipóteses;
·         compreender o significado de conceitos;
·         entender o(s) propósito(s) daquele que escreveu o texto;
·         identificar novas formas de saber teórico e ou prático, dantes desconhecidas;
·         diferenciar o que um autor tem de diferente de outros;
·         comparar argumentos, hipóteses, teorias, leis, etc...;
·         construir novas possibilidades de enxergar a realidade;
·         distinguir comportamentos, áreas geográficas, raciocínios, sentimentos, etc...;
·         sintetizar o conteúdo do texto lido.

Apropriar-se da língua
Um outro aspecto associado a leitura é que ela segundo Michelet Petit, é uma ´´via  privilegiada para se tr acesso a um uso mais desenvolto da lingua``(Petit, p.66, 2008).

Ao se praticar a leitura, melhora-se o conhecimento da lingua. A leitura é algo que cada dia mais tem sido relegada a um segundo, terceiro, quarto plano, isto em muito se deve a sociedade midiática, na qual  vivemos. Contudo a leitura deveria  desde a mais tenra infância ser valorizada e incentivada, é lógico que neste início a criança deve ter um contato com a leitura, através da contação de histórias, da leitura que o adulto faz para ela de livros adequados a sua  idade, e somente na idade escolar ter acesso a uma alfabetização adequada, para então, iniciar a sua leitura solitária, sendo sempre supervisionada por um adulto na escolha dos livros próprios a idade infantil.

A leitura portanto deve estar entre as prioridades daqueles que desejam se comunicar de forma clara, adequada e correta. Uma lingua é sempre muito rica, e quanto mais tipos diferentes de livros a pessoa ter acessso, muito melhor será para ela, no seu desenvolvimento linguístico e relacional. 

A forma correta para que a leitura se torne uma das formas de apropriação da lingua para as pessoas, é quando se parte de textos de fácil compreensão, para aqueles de média e por fim de difícil compreensão. Para tanto, isto deveria ser acompanhado primeiramente pelos pais, depois pelos professores e por fim pela própria pessoa, que com o passar dos anos irá adquirir o entendimento para escolher os textos que lhe permitirão crescer na sua apreensão da lingua.


Construir-se a si próprio
A leitura muito mais do que um instrumento, um meio que nos possibilita exercitarmos muitas coisas, ela é também uma grande construtora do eu. Segundo Petit, ´´o que  determina a vida dos seres humanos é em grande medida o peso das palavras, ou o peso de sua ausência``(Petit,p.71,2008). Assim sendo, quanto mais o ser humano consegue nomear aquilo com o que ele interage, mais apto ele estará em vivê-lo e transformá-lo. Pois, se por outro lado, existir a dificuldade de simbolizar, através das palvras, haverá a possibilidade do ser humano tornar-se mais agressivo e incontrolável, isto se deve pelo fato da privação das palavras, devido a falta da leitura para que o ser humano, possa pensar sobre si mesmo, expressar sua angústia, raiva, idéias, esperanças e sendo assim,   quem irá se expressar, falar é o corpo. Desta forma, as possibilidades do enfrentamento violento entre as pessoas corpo a corpo, tornam-se atos concretos. Quem lê a Palavra de Deus, muito dificilmente, partirá para as vias de fato, antes, com certeza terá mais condições de examinar-se a si mesmo, ponderar e assim controlar-se.

Agora, quero voltar a fase mais importante no desenvolvimento, na formação do leitor consciente, que é a infância. Na infância, a leitura é a porta para a construção de um sujeito repleto de imaginação, fator imprescindível para a formação de um adulto competente e verdeiramente cidadão. Também nesta fase é importante a criança ter acesso a um repertório amplo de identificações pessoais possíveis, fugindo dos estereótipos das ruas e televisão, onde são encontrados na maior parte das vezes maus exemplos e figuras sem toda a complexidade do ser humano real, já  na leitura de bons livros a criança se defrontará com um mundo rico de imagens e pessoas mais próximas da realidade do dia a dia. 

Na adolescência e juventude temos outro momento onde a leitura é muito importante, pois é justamente nestas fases que o ser humano começa a cristalizar em si os seus valores éticos, morais e espirituais, os quais começaram a ser semeados na infância. Por isto a leitura desta fase, que irá ajudar o adolescente e o jovem a construir-se a si mesmo, deve ser bem alicerçada em Textos da Bíblia Sagrada e da Literatura Universal através principalmente dos autores clássicos, cito aqui alguns poucos autores: Platão, Aristóteles, William Shakespeare, Leon Tolstói, Fiodor Dostoievski, Fernando Pessoa, Alexandre Dumas, Machado de Assis, Franz Kafka, Goethe.

Através de obras como a Biblia e a destes escritores, com certeza o ser humano aprendera muito sobre o que é em essência o ser humano, principalmente através da Bíblia, e assim ter a possibilidade de conhecer a si mesmo um pouco mais.

Conclusão
Estes são somente três aspectos bem básicos, para onde a leitura nos conduz, espero que os mesmos,  sirvam de reflexão para sua prática didática e para o seu aprofundamento intelectual.

Abraço
Elias

Bibliografia
Petit, Michèle. Os jovens e a leitura – uma nova perspectiva. São Paulo, Ed.34,2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário