sábado, 15 de janeiro de 2011

SIM, AS PALAVRAS TÊM PODER! (PARTE I)

APRESENTAÇÃO

´´É bom termos amigos que nos ajudam a caminhar em nossa jornada. Entre estes amigos, quero mencionar o Prof. Rodrigo Nunes da Silva, servo de Deus que o tem servido atualmente como Presbítero da Igreja Batista Independente, em Foz do Iguaçu e como professor de Linguistica, disciplinas Teológicas e de Humanas na Instituição Semear.
Rodrigo também é Bacharel em Teologia, Pedagogo e Licenciado em Letras, é alguém muito dedicado ao estudo e ao ensino. 
No artigo a seguir, de caráter técnico, mas escrito de maneira acessível a todos, ele irá esclarecer sobre como as Palavras precisam ser entendidas por aqueles que as pronunciam ou as escrevem e aqueles que as escutam ou as leêm.``
    Boa Leitura!

    Abraço
    Elias


   Pedido de Oração: Orem para que o Professor Rodrigo aceite ser nosso companheiro na edição deste Blog. Amém!

 

SIM, AS PALAVRAS TÊM PODER! (PARTE I)

 
Mesmo o leitor atento, pode, ao ler o título deste artigo, cometer dois equívocos. Primeiro, pode pensar que eu estou me referindo ao pensamento neo-pentecostal de “confissão positiva” de que as nossas palavras têm poder. Não, não estou me referindo a isto, e este não é o mérito da questão. Segundo, por se tratar de um artigo cristão, postado num blog cristão, pode-se pensar que estou me referindo às palavras de Deus, mas também não estou me referindo diretamente a isso.
Tanto as palavras ditas por alguns cristãos pentecostais que crêem terem poder, quanto as palavras ditas por Deus (não estou me referindo à Palavra Encarnada, a saber, Jesus Cristo), são agentes passivos, enquanto que os homens e Deus são agentes ativos, mas como o leitor leu no título estou dizendo que “As Palavras têm Poder”. Elas são os agentes ativos, mesmo sendo usadas como agentes passivos.
Mas qual seria então este poder nato das palavras? O poder nato das palavras é o poder da comunicação. As palavras existem para comunicar algo, foram criadas para isto. Biblicamente falando podemos dizer que as palavras foram criadas para transmitir/comunicar uma verdade, tendo em vista que tudo o que foi dito por Deus ao homem e do homem a Deus eram verdades até a entrada do pecado no mundo, onde as palavras passam a ser também usadas para comunicar inverdades. Mas deixemos por hora as coisas espirituais e concentremo-nos um pouco nas questões de ordem lingüística.
Como disse acima, o poder nato da palavra é a comunicação, transmitir algo, seja uma informação, uma idéia e até mesmo um sentimento. A título de nomenclatura, dá-se o nome de língua, idioma, dialeto etc. ao conjunto de palavras sistematizadas, ordenadas e com significados. Cada país, grupo étnico, tribo, nação, povo têm a sua língua organizada (criada ou incorporada, de forma pacífica ou não) capaz de formular conceitos, nomear seres, coisas, idéias e assim perpetuar sua cultura transmitindo-a aos demais membros ou a outras pessoas fora da mesma.
Mas para que haja a comunicação é necessário que existam alguns elementos, como exposto no desenho abaixo.




Para que haja a comunicação o emissor deve primeiro pensar na mensagem, em segundo lugar escolher um código, e em terceiro mandar essa mensagem (codificada) através de um canal de comunicação, que nada mais é do que um elemento no qual a imagem pode ser transmitida, por exemplo, um papel, o ar no caso de uma mensagem falada, e no nosso caso aqui, o blog e a tela do seu computador, dentre muitos outros meios.
Outra questão de suma importância é que o emissor e o receptor dominem o mesmo código lingüístico (língua). Para explicar esse processo de comunicação da língua, o pai da lingüística moderna Ferdinand de Saussure formulou que a língua é formada de signos lingüísticos. Mas o que é um signo? Um signo é a união de um significante + um significado. Complicado?  Falando assim é. Mas deixe-me tentar explicar.
Um significante é a palavra escrita, ou o som da palavra, ou um desenho, sinal (de trânsito, por exemplo) etc. Um significado é a imagem mental que este significante evoca quando você vê ou ouve o significante. Quando você lê a palavra CACHORRO, o que vem à sua mente? Um animal de quatro patas, que late etc. Você pode imaginar um pastor alemão enquanto outra pessoa pode imaginar um vira-lata, ou um pequinês, não importa, contanto que você não imagine uma zebra, um elefante ou qualquer coisa diferente da espécie à qual pertence o animal CACHORRO, a comunicação neste caso foi eficaz. Portanto a língua (idioma) é feita de signos. Isto é o que torna possível que nos comuniquemos. Imagine se cada pessoa desse um significado que bem entendesse aos significantes da língua portuguesa ou qualquer outra língua, você pode imaginar o caos que seria? Imagine se cada um desse aos sinais de trânsito (significantes) os significados que quisessem, o que você acha que ocorreria? Pense nisso!

Rodrigo Nunes da Silva

Referência Bibliográfica

RIEGEL, Martin. Iniciação à Análise Lingüística. Rio de Janeiro. Editora Rio, 1980.

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