quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Uma reportagem da Televisão a respeito da Internet


Em um telejornal vespertino da Emissora Hegemônica da Televisão brasileira, foi mostrada uma reportagem intitulada ´´Saiba como monitorar o uso que seu filho faz da internet``. Na verdade, o que mais chamou-me  atenção foi a abordagem de um meio de comunicação sobre outro, neste caso, a televisão ensinando aos pais como monitorar e  controlar os filhos, no uso da internet.

A reportagem tenta seguir aquilo que eu chamo de crítica cor de rosa, ou seja, ficou em cima do muro, hora parecia que ia para um lado, hora parecia que ia para outro , usando de maneira consciente a ´´prudência``, ou será que era o medo? Não se pode negar que a reportagem deixa claro que os pais devem dialogar com as crianças, ponto louvável e sem dúvida, muito importante.  A presença de um psicólogo, embora tenha dado à reportagem um ar de maior cientificidade, na verdade, trouxe um aspecto oposto, isto é,  um único especialista presente, demonstrou mais um aspecto unilateral da reportagem, pois este assunto além de um psicólogo deveria  contar com a presença de um corpo multidisciplinar de estudiosos, como por exemplo: um sociólogo, um antropólogo, um especialista em Computadores, e principalmente  aquele profissional que mais tempo fica com as crianças e adolescentes nesta faixa etária, o professor... Quem sabe poderia ter uma palavra de dois professores, sendo um a favor e outro contra a utilização do computador e, por conseguinte da internet na educação. É lógico, que isto estenderia muito , o que a tornaria inviável para o telejornal vespertino, porém fica aqui a sugestão, para uma matéria semanal, onde o conteúdo desta reportagem, poderia ser trabalhado de maneira mais profunda e tratada de forma mais omnilateral, e isto  com certeza traria uma informação mais  crítica e aproveitável para os telespectadores.

Para não ser incoerente com o que está sendo colocado, é importante frisar que mesmo  não contendo um estudo  amplo neste texto, assim como o da reportagem sobre o tema em questão, aconselho que se faça uma pesquisa no Blog, para que haja um aprofundamento teórico através dos outros artigos que de alguma forma   trabalha a questão dos computadores e da internet.

Com a falta de um professor para discorrer  a favor ou contra a internet na educação, o responsável pela reportagem deixa a desejar, no que diz respeito ao aspecto educacional com relação ao uso da internet. A educação, diferentemente da postura ´´cor de rosa`` citada acima, é uma atividade RADICAL, ou seja, não existe possibilidade de ficarmos em cima do muro, quando o assunto é educação, e principalmente quando se trata de crianças até os onze, doze anos. Até esta faixa etária, elas precisam ter bem nítido a noção do que é certo e do que é errado, daquilo que beneficia ou prejudica e  terem bem claro, que existem limites. Isto tudo não é possível, até os onze, doze anos somente com conversas, palavras, não!  Isto precisará de todo um trabalho educativo alicerçado na paciência, na autoridade amorosa e no exemplo prático, vindo dos educadores e dos pais. Se até nesta faixa etária, as crianças não forem educadas concernentes a estes pontos, citados acima, infelizmente será muito difícil que um pré e um adolescente consigam usar de maneira saudável e proveitosa a internet.

Na reportagem, em um determinado momento, de raspão, chega  a ser mencionado a necessidade do pai segurar a mão do seu filho, mostrando que uma criança é imatura para saber escolher e decidir por si própria algumas coisas... Neste momento, algumas informações sobre os prejuízos educacionais advindos da utilização da internet, poderiam ser mencionados, tais como: a aceleração indevida do desenvolvimento, conteúdo impróprio, prejuízo do desenvolvimento mental, deturpação da linguagem, excesso de peso, perda de tempo e outros. 

Uma das orientações citadas, logo no seu início, é  que os pais possam ensinar seus filhos no uso da internet,  utilizando-se de programas que  conseguem bloquear  uma determinada quantidade de conteúdos até àqueles que agem como espiões monitorando, fotografando e mostrando aos pais o que os filhos tem acessado. Para um pragmático pode ser que este tipo de atitude, através da utilização de programas  seja mais útil e prática, porém se pensarmos nas conseqüências deste  tipo  de trabalho pedagógico, é possível que no futuro tenhamos uma sociedade onde as pessoas terão  uma outra cmpreensão bem diferente de hoje,  sobre o que é o respeito à individualidade, privacidade e fórum íntimo.

Contudo, o que gostaria de enfatizar, como mencionado no início deste artigo, são as várias  formas como um meio de comunicação faz uma abordagem sobre outro. Neste caso, a mídia televisiva procura demonstrar que o novo meio precisa de limites ao ser usado, mas se prestarmos atenção em toda reportagem não vemos  nenhuma citação de  pesquisa científica, contendo dados precisos e confirmados sobre o porquê dos limites que devem ser impostos às crianças e adolescentes no uso do computador e da internet. 

O que fica no ar, é aquela velha proposta do telespectador, a partir do que foi mostrado tirar as suas próprias conclusões. Então, pode se dizer que a minoria dos telespectadores, que realmente prestou atenção na reportagem, irá através do senso comum pensar que a internet ,somente prejudica a sociabilidade das crianças e adolescentes.

Outras características que podem ser mencionadas com relação à reportagem é de que  não intencionalmente, assim espero, mas devido as próprias exigências do padrão  da mídia televisiva,  ela teve que  tratar o assunto de:
·         Forma unilateral (sem a visão de várias áreas do conhecimento científico);
·         Forma acanhada (com medo de desagradar quem é contra ou a favor do uso da internet, principalmente até os doze anos; 
·         Forma simplista (mais dentro do senso comum, do que a partir de uma perspectiva teórica bem aprofundada; 
·         Forma a privilegiar o padrão de ritmo exigido pelo veículo de comunicação da reportagem, neste caso a Televisão (muitas mudanças de cenário, abordagem temporal limitada, conteúdo superficial e fortemente visual)

Para não ficar somente no comentário a respeito da internet, quero colocar qual deve ser a forma como uma criança deve ser ensinada  a assistir a televisão... É lógico, que isto dependerá muito dos pais, vejamos duas formas:

  • Caso os pais possam oferecer meios de diversão, realmente educativos e saudáveis e  além disso, devem ser  pais presentes, que amorosamente saibam impôr limites . A forma que este tipo de Pai-Mãe pode ensinar para as crianças é a de que elas NÃO assistam Televisão;
  • Caso os pais não possam oferecer os meios de diversão, realmente educativos e saudáveis, não saibam impôr limites e sejam ausentes, a melhor maneira é TENTAR controlar os tipos de programas e o tempo máximo que a criança deve assistir a Televisão.
Para encerrar, digo que a reportagem tem como pontos positivos, o fato do tema ser colocado em pauta em um telejornal de grande audiência nacional e a colocação de que o assunto é deveras muito preocupante.


Abraço
Elias 

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