Introdução
O verdadeiro Cristianismo
é a Fé na Pessoa de Jesus Cristo, como único Salvador e Senhor de nossas vidas
e que tem como um dos seus pontos basilares a pregação (Kerigma). Em Marcos 1:38-39, está escrito ´´Vamos às
aldeias vizinhas, para que eu ali também
pregue; porque para isso vim``;
em Lucas 4:18-19 também é enfatizado o aspecto homilético do ministério de
Jesus, ´´O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar
os quebrantados de coração, a apregoar
liberdade aos cativos e dar vista aos cegos; a por em liberdade os oprimidos; a
anunciar o ano aceitável do Senhor``.
Algo a se enfatizar quanto a pregação de Jesus é que sua mensagem não era algo
meramente restrita ao discurso, a força de sua pregação era fortemente
alicerçada por sua vida (Mt.7:29). Entretanto, sendo portador de uma mensagem
simples, o Mestre utilizava-se de uma
complexa rede de recursos comunicacionais, tais como, a linguagem cheia de
imaginação, raciocínio analógico, figuras de linguagem, contrastes, as
possibilidades acústicas e etc.
Jesus, em todos os sentidos deixou exemplos, até mesmo na
comunicação. Porém, as mudanças históricas e culturais pelo qual a igreja
passou, fizeram com que a mesma começasse a trabalhar de forma diferente em muitas áreas
de sua atuação, causando tambem
alterações no âmbito técnico da homilia. E é isto que será colocado a seguir, partindo da Idade Média.
1.
Uma
síntese histórica da Pregação
1.1.A Pregação na Idade Média - Após o período apostólico, a Igreja
continuou tendo em suas fileiras pessoas
muito capacitadas na pregação do Evangelho. No período chamado dos ´´Pais da igreja``, muitos expoentes da pregação deram ao mundo
palavras ungidas e profundas que, ainda hoje, podem ser pesquisadas pelos
interessados; um destes foi João
Crisóstomo, Bispo de Constantinopla(349-407), conhecido como ´´Boca de Ouro``, que
com uma oratória impactante e um conteúdo profundo, impressionava a todos os
que o ouviam. Passado estas duas épocas históricas aureas da pregação cristã, o perído denominado Idade Média, viu uma estagnação neste
ministério tão importante da igreja, em algumas regiões, houve até mesmo um
retrocesso nesta área. Portanto, a pregação clerical na Idade Média foi marcada
pela falta de originalidade e imprimiu
nesta prática da liturgia cristã um costume de
repetir os sermões dos grandes padres do período anterior. A homilia —
como discurso familiar, simples e íntimo — foi sendo substituida e nos cultos
foi se dando mais espaço para o
aspecto sonelizado e da espetacularização,
o qual acabou dominando toda a liturgia
da igreja romana durante toda Idade Média. Foi neste período, que surgiram duas
escolas de pregação medievais, a escola escolástica e a mística ou mendicante,
a primeira voltada para os templos e
para as nascentes universidades e a outra, para o ar livre. Assim sendo, segundo Ramos ´´na Idade Média, portanto, enquanto a
homilética era enriquecida pela prática mística das ordens mendicantes que pregavam nas cidades e nos campos, era empobrecida pelos abstratos
discursos proferidos dos suntuosos púlpitos das catedrais. Enquanto, em alguns
setores da hierarquia eclesiástica, a
prédica conquistava as luzes da razão, o fervor místico dos pregadores
mendicantes se encarregava de manter a porta dos fundos abertas para a passagem
livre da superstição e da experiência religiosa emocional (por vias afetivas) e
sensacional (por vias sensoriais).``
1.2.A Pregação no Período da Reforma Protestante - Se a Idade Média, não aperfeiçou a arte
homilética, apenas teve uns momentos de
lampejo aqui e ali, com nomes como Domingos, Francisco de Assis, Tomás de Aquino
, Pedro Valdo e outros. No período
chamado de Reforma Protestante houve um retorno e até mesmo um avanço na
pregação do Evangelho.
Neste período, aconteceu uma “troca de meios``, pois “enquanto
na Igreja medieval o sacramento, a celebração simbólica, eram entendidos
como meio de apropriação da salvação”, com a
Reforma é a Palavra falada da prédica evangélica que é colocada no
centro e assume essa função de meio,
portador, proclamador da salvação (Rm.10:07).
A identidade homilética medieval foi
marcada principalmente pelo aspecto visual, com seus suntuosos e elevados
púlpitos, já a homilética reformada foi caracterizada pelo traje, com a
substituição da indumentária sacerdotal pelos trajes acadêmicos. Segundo Ramos,´´ Ulrico Zwinglio teria sido o primeiro a
introduzir o uso da toga acadêmica chamada schaube, em Zürich, durante o outono
de 1523 e Martinho Lutero teria adotado o shaube no dia 9 de outubro de 1524,
substituindo definitivamente seu hábito e capelo monacais.``
A Pregação Reformada, foi marcada pelos seguintes aspectos:
(1) A primazia da palavra oral;
(2) A Palavra de Deus deve
consolar e libertar a consciência moral do ser humano,
por meio da prédica evangélica;
(3) Somente a Cristo se deve pregar (solus Christus praedicandus);
(4) A Pregação da Palavra se destina à pessoa de forma individual;
(5) Pregação acentuadamente auditiva, lingüística e menos visual.
1.3.A Pregação nos Tempos das Missões Modernas - Quando as diferenças entre igreja Protestante
e Católica estão bem delimitadas, surge um período de fervor missionário dentro
da igreja, principalmente na Protestante, impulsionada pelas pregações de cunho
evangelístico e de avivamento dos irmãos
morávios, metodistas e avivalistas norte americanos. A mensagem levada aos campos estrangeiros
apresentava uma forma que em aspectos
gerais, é mais próxima da pregação emocional
das ordens mendicantes da Idade Média e voltada para aspectos sociais,
lembrando um pouco a mensagem dos profetas vetero-testamentários. O discurso
continua sendo mais oral e menos visual.
1.4.A Pregação no Século XX - Durante o século XX, alguns
aspectos podem ser mencionados sobre o conteúdo e a forma da pregação, por
exemplo:
O avivalista ou carismático e o
social.
A mensagem avivalista é notoriamente
emotiva e sensorial, envolvida por um ambiente altamente espiritualizado. Já o social é mais racional e pragmático.
Com isto, a forma homilética destes
dois movimentos podem ser caracterizados da seguinte forma:
O avivalista geralmente, mas não necessariamente, trabalha com
sermões temáticos, a mudança na tonalidade da voz é muito comum, um período do
sermão é dedicado a manifestações de dons e carismas, há o uso de muitos gestos
corporais e a utilização de chavões, clichês e se possível, de exemplos que estimulem o sentido da visão. Já a pregação de caráter social é menos
mística, voltada principalmente para a razão e é mais oral.
1.5.A Pregação na Idade das Mídias - A virada tanto do século como do milênio, trouxe
profundas transformações na pregação do Evangelho. As Mídias de Massa e Digital
teem exercido este poder de
transformação na Pregação do Evangelho, é bom frisar que cada uma destas mídias
tem sua própria especificidade, e por isto mesmo possui seu próprio padrão de
transmissão. Como a tendência é da ampliação na transmissão via digital, será
comentado somente alguns aspectos referentes às tecnologias digitais.
Neste novo ambiente de comunicação, a
pregação para ser efetivamente apropriada para o meio é, e deverá
ser amparada por muita visualidade, falas curtas e diretas e muito
conteúdo que se modifica a todo instante, a fim de que as pessoas fiquem
conectadas o maior tempo possível, além
de se apelar para uma maior interatividade durante a pregação. Ainda, é bom
frisar que com a inserção das inovações tecnológicas no ambiente cúltico, a utilização de projetores
de imagens, também vem modificar a metodologia da pregação como pode ser visto
no exemplo dado pela igreja coreana.
2.
A
igreja da Coréia (um exemplo a ser seguido?!) - Ao falar sobre igreja e suas
ligações com as mídias digitais, não tem como deixar de fora, a igreja local
que mais tem se colocado na vanguarda das inovações tecnológicas. Na
igreja Yoido Full Gospel em Seul,
Coréia do Sul, a igreja do Pr.David Yonggi Cho, as pregações são acompanhadas de cenas
alusivas ao que está sendo falado, assim
são projetadas cenas de filmes, imagens em duas telas de plasma com dimensões
de fazer inveja ao mais moderno dos cinemas; há ainda dezenas de telas menores espalhadas pelos
cinco pisos do templo gigantesco de Seul, tudo isto acompanhado por uma trilha sonora e diante de
uma enorme cruz fixada, de luz de neon, no centro do altar; os fiéis e os
visitantes do templo teem acesso a fones de ouvidos com diversas opções de
idiomas para acompanhar as pregações. Pelo jeito, os coreanos já se apropriaram de alguns ensinos
psicológicos acerca dos estímulos provenientes das telas, que dizem que quanto
mais forte e estimulante for a experiência, juntando som, imagem, e outras
sensações mais envolvente ela será, e
melhor a sua retenção e compreensão. Para completar o grande
envolvimento midiático do Tempo do Dr. Cho, existem cerca de 200 câmeras, que geram imagens, em
tempo real e por diferentes ângulos, para sites e canais de televisão.
3.
A
Pregação e as Novas Mídias (presenciais e a distância) - A inserção de meios eletrônicos-digitais
na e para transmissão do Evangelho, já
tem feito nascer, mesmo que de forma embrionária:
3.1.Uma pregação que prioriza o
visual em detrimento do oral, por isto o
caráter de show das pregações deste 2º milênio;
3.2. Uma exigência de conhecimento e atenção mais técnica na transmissão do Evangelho, pois
a preocupação não será tanto com o auditório e sim com o meio (cheio de padrões
e exigências) que leva o conteúdo àqueles que estão presentes no auditório, como
para os que acessam via internet, e isto pode ser chamado de ´´preocupação
midiática``;
3.3. Uma pregação que tende a
expandir-se tanto no sentido do tempo cronológico quanto na extensão geográfica, pois já pode ser acessada após os cultos, comentada
e divulgada pelas redes sociais;
3.4. Uma pregação, que provavelmente,
pode tornar-se uma peça a mais no grande esquema da midiatização eclesiática,
um produto dentre os demais recursos
oferecidos para os internautas, isto, devido as múltiplas oportunidades
concedidas pelos dispositivos do meio
digital;
3.5. A pregação midiatizada
tornar-se-á cada vez mais cheia de ilustrações visuais, os sermões com
ilustrações para utilização da imaginação será mais restrito a grupos ´´antigos``,
pois as novas gerações perderão cada vez mais a capacidade de imaginar atraves
do que se está sendo apenas falado, já que desde pequeninos, sempre terão imagens,
enxendo o campo visual e os pensamentos deles.
Abraços
Elias
Fontes:
Prezado Elias, o desafio é aproveitar as novas mídias, sem esquecer o tema central da Palavra de Deus. É difícil, mas não impossível. Conheço pregadores que têem se saído muito bem no quesito. Seu questionamento, entretanto, é extremamente pertinente. Parabéns!
ResponderExcluirCaro Daladier, em primeiro lugar agradeço pelo vosso comentário, em segundo lugar desejo que possa aproveitar o máximo que puder daquilo que tenho postado, também sinta-se a vontade para postar suas críticas e sugestões.Por fim, minha posição quanto as mídias permanecerá até convencerem-me ao contrário, ´´crítica``, pois me baseio inicialmente na Verdade Bíblica de que o ser humano é pecador, e por isto mesmo tem o costume de estragar os meios que ele utiliza.Porém, tenho fé que ainda existem homens e mulheres que conhecendo os meios de comunicação em sua totalidade, saberão utiliza-los para a glória de Deus.
ResponderExcluirAbraço