A História deixa bem claro, que com o passar dos séculos, as pessoas acabam se adequando às condições impostas pelo ambiente, época, cultura no qual estão inseridas . Essa adequação é uma capacidade que todo ser humano possui, sendo inconsciente para a grande maioria das pessoas e consciente apenas para poucos. Aqueles que não percebem, conscientemente, a sua capacidade em adequar-se, mas também não aceitam negociar seus valores, são os que teem mais dificuldades em lidar ou mesmo trabalhar com as transformações que, com certeza, chegarão até eles.
Caraterização do que são os intelectuais
Em todas as eras, na humanidade sempre houve uma classe de pessoas que teve mais facilidades em fazer uma leitura da época na qual vivia e consequentemente, podiam produzir um rico acervo de como se podiam pensar, sentir, construir, enfim viver tal momento histórico, sempre trabalhando segundo uma ideologia. Tais pessoas que organizam, produzem estes acervos são os intelectuais. Portanto, o intelectual ´´é aquela pessoa que consegue ver e discernir o momento em que vive e além disto pode produzir um material teórico e prático ideológico que permite aos demais organizarem e viverem este determinado período histórico, tanto para o bem como para o mal destes.``
Quem são os intelectuais?
No Mundo Antigo, os primeiros intelectuais foram os sacerdotes, inclusive a escrita foi dominada por eles. A partir, principalmente, do 5º século a.C., na Grécia, os intelectuais foram os filósofos; na Europa Medieval, os religiosos voltaram a ocupar o papel de intelectuais do momento; com as Revoluções Burguesas na Europa, os filósofos humanistas entraram em cena para dividir com os religiosos católicos e protestantes o papel de intelectuais da hora. Com a chegada do século XIX e a ampliação das ciências, muitas áreas, tais como: a Medicina, a Física, o Direito, a Psicologia, a Engenharia, a Administração, começaram a produzir seus intelectuais, que outrora vinham da Filosofia e da Teologia. Contudo, são das Ciências Humanas que teem saído a maior porcentagem de intelectuais nos dias atuais, são eles: os Sociólogos, Antropólogos, Historiadores, Geógrafos, Filósofos e etc.
Antes da revolução tecnológica, como os intelectuais exerciam sua influência nas mídias no século XX?
Sem retornar aos primordios da humanidade e concentrando-se na Idade Moderna, é possível ver que os intelectuais nesse período, transmitiam suas informações teóricas e conhecimentos práticos através de panfletos e livros impressos. Isto fez, com que o nome deles se tornassem populares naquele momento, guardando as devidas proporções daquilo que hoje é entendido por popularidade. Primeiro, utilizando material impresso, esses intelectuais não atraiam tanta atenção para eles próprios, pois a impressão daqueles dias levavam o nome e não a imagem deles. Segundo, ao utilizar um material impresso, o mesmo permitia ao leitor refletir sobre o que estava lendo, dando assim, a oportunidade de fazer uma leitura mais aprofundada, intimista. Terceiro, seu conteúdo precisava ser mais racional. Quarto, a mídia impressa (livros) era hegemônica naquele período e uma das características desta tecnologia, é que ela não possibbilitava (devido suas limitações) uma divulgação acelerada e ampla de diversos conteúdos, o que permitia para que idéias e comportamentos pemanecessem inalterados por muitos anos e décadas. Quinto, a mídia impressa utilizada pelos intelectuais, admiitia um desenvolvimento individual intelectual riquissímo, pois a literatura possibilitava que cada um a partir do que recebia desenvolvesse suas próprias idéias. Sexto, seu propósito era levar um conteúdo a nível horizontal.
O que as novas mídias, do século XX, exigiram dos intelectuais para que sua mensagem tivesse poder de influência?
Com a chegada do século XX e o desenvolvimento de novas tecnologias, tendo como principal a televisão, porém não a única a ser desenvolvida neste século. Como meio de comunicação que usa tela, ela transformou, por completo, a maneira como aqueles usariam para comunicar seus pensamentos. O intelectual que conseguiu se adequar a esta momento histórico e a esta ferramenta, precisou primeiro, usar pessoas carismáticas para divulgar suas idéias; segundo, teve que ver suas idéias sofisticadas serem adaptadas ao senso comum; terceiro, viu suas idéias serem diluídas frente à enxurrada de outras, que chegavam juntamente com as dele; quarto, a sua mensagem precisou ser mais direcionada às emoções e não a razão; quinto, suas idéias, devido ao meio acabaram por homogeinizar o pensamento dos telespectadores; sexto, o intelectual, deste período, para exercer algum tipo de influência precisa sujeitar-se aos que dominam os meios, neste caso a Televisão.
Observando tal contexto histórico, é possível dizer que o intelectual continuou atrás dos bastidores como na Idade Moderna, porém agora seu nome dificilmente é mencionado, quem precisa aparecer é o´´artista`` que popularizará sua idéia, o qual por sua vez a adaptará, e a deixará fragilizada cada vez mais, pois o intelectual é figura, geralmente, associada àqueles que são contra a televisão. Contudo, para continuar mantendo seu controle sobre a grande massa, o intelectual que se utiliza da televisão, não terá preocupação em ver suas idéias diluídas em meio ao mar de outras idéias, de psicologizá-las afim de torná-las meros sentimentalismos condicionadores e homogeneizadores das pessoas e nem de ser manipulado pelos donos do poder, tornando assim sua influência intelectual uma força de persuasão que vem de cima para baixo.
Então, não existirá nenhum intelectual que saiba utilizar bem a televisão? Com certeza, sim. Porém, estes não desejam manipular , controlar e igualar o pensamento da grande massa, e não querem utilizar dos padrões necessários para alcançar os seus objetivos.
Como os intelectuais dos dias atuais (século XXI) mantêm sua influência sobre as massas?
Com a chegada da Internet, mais uma repaginação foi necessária para que o intelectual pudesse continuar a exercer seu papel de dirigente intelectual na sociedade. Agora, não basta ser um excelente observador da realidade e nem um criativo desenvolvedor de idéias, ele precisa aprender a usar os padrões das midias digitais, além de reaprender a escrever para ambientes virtuais, a se apresentar e a falar nos vídeos e a comunicar-se nas redes sociais, enfim a ser um multi-mídia. Atualmente, um intelectual necessita ser mais do que um artista, ele precisa de uma equipe de trabalho que possa divulgar suas idéias, uma agilidade ainda maior para elaborar sua leitura da realidade e como adaptar-se a mesma, devido a rapidez da sociedade da informação. E, por fim ele somente mantêm sua influência, através da Internet, quando consegue utilizar todas as ferramentas, simultaneamente e na linguagem padrão relacionada as mesmas (texto, imagens e som). A internet é a ferramenta que mais fortaleceu o trabalho dos intelectuais, principalmente quando a utilizam, amparados por uma rede de colaboradores, e ao mesmo tempo a que mais enfraqueceu, pois no universo gigantesco da comunicação proporcionado pela internet, quem não atualizar-se em informação e conhecimento e também não atualizar os conteúdos na rede digital todos os dias, não terá como divulgar e muito menos influenciar alguém.
Conclusão
Geralmente, os intelectuais são associados à academia, ou seja, aqueles que estão nas universidades. Mas estes, ainda estão muito isolados da grande massa, sua capacidade de formação de opinião continua muito restrita aos acadêmicos. Com a internet, alguns tem se arriscado a participarem de eventos divulgados pela Rede mundial de computadores, porém estes eventos são basicamente acessados por poucas pessoas, que até já conhecem os sites, onde divulgam um pensamento mais sofisticado. Por exemplo, proporcionalmente, são poucas as pessoas que acessam sites, como http://www.ted.com/talks e http://www.cpflcultura.com.br/cafe-filosofico/, entre alguns outros de conteúdo realmente reflexivo. Portanto, os intelectuais mencionados neste texto, são aqueles que estão relacionados ao controle da sociedade civil (sistema escolar, partidos políticos, sindicatos, igrejas, organizações de ajuda humanitária e ecológicas, orgãos de comunicação e etc.), e que buscam adequar-se aos meios de comunicação inerentes à época em que estão, os quais trabalham com o fim de dirigir as pessoas para determinada ideologia, tanto de caráter secular como religiosa.
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