Há certas passagens bíblicas, que caem fundo no coração daqueles que leem as Escrituras Sagradas mais do que outras, mesmo não tendo uma explicação; pode ser por questões de temperamento, ideologia, cultura denominacional ou outro motivo qualquer, isto embora gere polêmicas, não é o alvo do que será tratado neste rápido artigo.
A passagem que uso como referência, em particular, para tecer comentários a respeito da falta de homens e mulheres na igreja cristã, da atualidade que conseguem discernir, enxergar as influências do curso deste mundo na igreja; é uma passagem conhecida dos leitores da Bíblia, que se encontra em II Cr. 12:32a,´´E dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saber o que Israel devia fazer(...)``.
Neste ano, além de comemorarmos o centenário da Assembleia de Deus no Brasil, também é comemorado os cem anos de Marshal Mcluhan(1911 -1980), filósofo, ensaísta e educador canadense que na década de sessenta, preste atenção em 1960, formulou idéias, teses sobre a influência dos meios de comunicação na sociedade. Algumas de suas pérolas, são ´´ O Meio é a Mensagem``; ´´Qualquer pessoa pode hoje tornar-se autor e editor``; ´´Cada nova tecnologia necessita de uma nova guerra``; ´´A educação se tornou o maior negócio do mundo. E também está se tornando entretenimento``; ´´O futuro do livro é a sinopse``, entre muitas e muitas outras.
Como um verdadeiro profeta secular, muito semelhante ao religioso, Mcluhan, após a década de setenta, caiu no ostracismo entre os acadêmicos, segundo o filósofo André Stangl da ECA – USP, citado na Folha de São Paulo, organizador do seminário ´´O século Mcluhan``, ´´os acadêmicos convidados para o Evento tiveram de rever a obra de Mcluhan e ficaram impressionados com a atualidade``.
Entretanto, o que Mcluhan tem a ver com os filhos da tribo de Issacar? Mcluhan, assim como os filhos de Issacar, enxergou o que estava acontecendo e quais eram as influências dos meios tanto naquele período quanto para as décadas seguintes. Por exemplo, quando os computadores ainda estavam em gestação, a internet era um sonho de ficção científica, ele conseguiu com o linguajar da época, não somente antever a inserção destes meios na sociedade, mas entender a influência dos mesmos sobre as pessoas.
Porém, por quê é tão difícil encontrar na igreja cristã, pessoas que de maneira profunda consigam enxergar e entender as influências dos meios de comunicação sobre os individuos?
O que está acontecendo com os ´´filhos de Issacar``, na igreja de Cristo? Onde estão aqueles que não são superficiais em suas análises sobre Televisão, Computadores, Internet e que realmente sabem, com maior profundidade, quais transformações os seres humanos estão sujeitos devido as influências destes e de muitos outros meios digitais?
Será que precisaremos recorrer somente a Mcluhan, Walter Ong, Neil Postman, Elizabeth Eisenstein, Erick Havelock, Jacques Ellul, Umberto Eco, Muniz Sodré, Valdemar Setzer, Paula Sibila entre tantos outros intelectuais seculares ou religiosos de outras confissões, para entendermos sobre este assunto?
Espero que os filhos de Issacar possam contribuir com a igreja de Cristo, como pessoas enviadas e dirigidas pelo Espírito Santo, mostrando que as mídias digitais não estão a serviço da pregação bíblica evangélica Kerigmática e Martírica, muito pelo contrário, elas foram e estão sendo desenvolvidas para serem donas, diretoras e não servas. Caso contrário, teremos que aceitar outras frases de Mcluhan, como predição do futuro: ´´Em nome do “progresso”, a cultura dominante se esforça para obrigar os novos meios a realizarem tarefas do passado``. ´´O tirano não governa mais pelo cassetete; mas disfarçado em pesquisa de mercado, conduz seu rebanho pelo caminho da utilidade e do conforto.``
Abraço
Elias
Fonte Bibliográfica
Biblia Sagrada. ERC. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, 1969
Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, 21 de julho de 2011 – Big Mac – Centenário revigora originalidade de Marshall Mcluhan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário