sábado, 23 de abril de 2011

A internet, os especialistas e a rapidez na análise dos acontecimentos


O ser humano é muito complexo. Tanto é,  que somente para entendê-lo, há  inúmeras áreas do saber, que o procuram estudar.  Principalmente, naquilo que chamamos de Ciências Humanas. São muitas as ciências, que querem entender e interpretar o ser humano, tais como: a Antropologia, que estuda o ser humano como um ser cultural, a Psicologia que o estuda  como um ser comportamental, a Teologia que estuda o ser humano essencialmente como um ser religioso, a Pedagogia que o estuda  como um ser em educação e aprendizado, a História que estuda o homem como um ser histórico, a Sociologia que o estuda como alguém que vive em grupo, comunidade, entre tantas outras ciências da área de humanas, assim como as biológicas e exatas.

Se o ser humano é realmente  complexo.Por que ele está sendo tão diminuido nas análises dos especialistas? 

Porque cada especialista tenta supervalorizar os argumentos de sua área. A especialização em si mesma, não é má,  afinal faz parte do momento histórico em que vivemos e contribui muito nas conquistas científicas e tecnológicas da  atualidade.O problema é sua exaltação, como a panacéia de todos os problemas da humanidade.

E o que a internet tem a ver com isto?

A internet propiciou a notícia e consequentemente a análise dos acontecimentos e das pessoas correrem à velocidade da luz,  enquanto as opiniões são dadas na mesma velocidade. A velocidade ultra rápida que aparentemente é  boa para a transmissão da informação,  é preocupante quanto a análise acurada e profunda da mesma. E, geralmente para dar conta desta rapidez, que o veículo exige para a transmissão da informação, as empresas de comunicação, já envolvidas na rede mundial de computadores, fazem uso de especialistas de plantão, para que os mesmos deem suas opiniões sobre determinado acontecimento.

Como exemplo disto, tomo por  base o acontecimento de Realengo, Rio de Janeiro,  onde uma avalanche de interpretações foram colocadas á disposição dos internautas, cada uma enfatizando a especialização do comentarista.  Com o passar do tempo, quem acompanhou, não somente a internet, mas outros veículos de comunicação pode perceber que existiam questões muito mais complexas envolvidas na situação de Realengo, principalmente áquelas relacionadas com o ´´assassino``. Isto basta para demonstrar que as análises mais distanciadas cronológica e emocionalmente são mais equilibradas e aprofundadas.

Entretanto, até mesmo os especialistas sabem que uma interpretação unilateral e imediatista é preocupante. Então, em diversos casos onde há problemas relacionados ao comportamento humano, são montados grupos inter-disciplinares, que estudam a situação mais demoradamente,  para que existam interpretações mais amplas e, por isso mesmo, mais próximas da  teia complexa, que é o ser humano.

Quais são alguns dos motivos que tem levado as pessoas a darem respostas unilaterais e interpretações rápidas, principalmente, através da internet?  

A necessidade de sobrevivência - Os meios de comunicações tanto de massa quanto digitais, precisam dar o furo de reportagem. Quem sai na frente sempre recebe mais crédito, isto faz com que redatores, articulistas, jornalistas, busquem lançar, o mais rápido possível, a informação nos seus meios de comunicação. As variadas Redes Sociais e o uso cada dia maior dos celulares super sofisticados em tecnologias digitais, teem dinamizado muito mais o furo de reportagem.

A necessidade de adaptação - Muda-se o ambiente, logo muda a forma de interagir com ele. Isto se aplica na interferência do ser humano na natureza, onde ele tem que adaptar-se a mesma, quando ele a modifica, como no caso das Hidrelétricas, onde após a implantação das mesmas, a relação do homem com o que se forma  será muito diferente da maneira de agir com o ecossistema existente anteriormente naquela mesma área. Da mesma forma, a maneira como alguém interage com a internet muda-se, pois  não tem o mesmo padrão dos meios de comunicação de massa. Assim sendo, o articulista, o comunicador da internet  até se adaptar a mesma, terá que aprender como ela funciona e influencia tanto a ele como ao internauta.

As influências psicológicas das tecnologias digitais - Querendo ou não, todas as tecnologias desenvolvidas pelo ser humano, acabam modificando o comportamento do mesmo. O alfabeto é uma tecnologia que, por exemplo, modificou a forma do ser humano comunicar-se, a energia elétrica mudou a maneira como interagimos e produzimos no período noturno do dia, as grandes máquinas de fiação, fabricação de alimentos e outros mudaram a maneira como o ser humano consome e etc... As tecnologias digitais portanto, estão modificando nossa compreensão e relação com as mesmas e com o nosso entorno, nos tornando mais acelerados, menos profundos, mais fragmentados, menos inteiros. 

A busca por ser o primeiro em interpretar um acontecimento - Na internet, se é o primeiro ou se é o primeiro, para a busca do reconhecimento uma das formas para se alcançar o mesmo é necessário,  está preparado para dar sua opinião sobre qualquer assunto a qualquer hora, mas isto como já vimos é muito preocupante.

A busca da análise, do significado de alguma coisa ou sobre alguém, deve partir de um bom julgamento. Por isto, o articulista, o produtor de vídeo que usa a internet deve saber que para ser o mais objetivo e o menos unilateral nas suas interpretações de algum acontecimento, o mesmo deve:
1º - Limitar-se inicialmente, a transmitir SOMENTE o acontecimento, o fato;
2º - Esperar alguns dias para trazer uma análise e interpretação mais acurada e completa do acontecimento;
3º- Pedir para outra pessoa ler ou assistir, afim de encontrar algum julgamento baseado mais ou somente em emoção do que na razão;
4º - Buscar informações de especialistas sérios de diferentes áreas do saber, para evitar uma perspectiva unilateral sobre o que estará postando.

Abraço
Elias

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