domingo, 27 de março de 2011

VAIDADE E BAJULAÇÃO NO MUNDO DIGITAL

Introdução
O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação. ( Fernando Pessoa )
Vaidade de vaidade, diz o pregador, vaidade de vaidade, tudo é vaidade.
(Salomão)

Deus deixou entre o Seu povo, vários ministérios e dons afim de que através dos mesmos a Sua Igreja pudesse ser edificada. O apóstolo Paulo, escreveu o seguinte:´´Mas a graça de Deus foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens... E, Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." ( Ef.4:7,11-16); e aos irmãos de Roma, ele esclareceu: ´´Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;  se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria``(Rm12:03-08).  

 É importante, que o Povo de Deus, saiba em que sentido(s) pode e deve ser conduzido para a edificação. Com certeza, Deus sempre deseja que Seu Povo, amadureça, cresça, seja edificado em todos os aspectos relacionados aos seus ministérios e em relação às suas características humanas, ou seja, a Igreja de Cristo, que é composta por seres humanos, tem que através da Bíblia, discernir quais as áreas onde  precisa está indo, sempre de Glória em Glória. 

Deus, através da Bíblia, revela o desejo de ver seus filhos e filhas sendo edificados, aperfeiçoados em diversas áreas, vejamos de forma geral e objetivamente, algumas delas:
1.      Espiritual - Mt.6:33; Ef.5:01; Cl.3:01; II Pe. 3:18
2.      Social - Sl.133; Rm.12:13-21; Rm.15:05-07; Fp.4:02
3.      Emocional - I Tess.3:12; Pv.17;22
4.      Volitiva - Ef.5;01-21; ICo.11:31
5.      Intelectual - Rm.12:02; II Pe. 3:18
6.      Corporal - Rm.6:19; Rm.12:01

Ao prestar atenção em cada uma destas áreas onde Deus deseja que Sua igreja seja edificada, seria uma temeridade, unilateralizar, diminuir as mesmas e assim não perceber que Deus tem uma visão ampla e irrestrita sobre o Seu povo.  Principalmente,  compreendendo que  não são independentes uma das outras, antes estão ligadas e que Deus não promove um crescimento unilateral, deixando uma área e priorizando outra, no ser humano; antes Ele deseja e trabalha para que a edificação da Sua Igreja seja unânime e proporcional.

Assim sendo, não será meu propósito diminuir ou esvaziar qualquer uma das áreas acima citadas ou não, mas destacar uma delas e afunilando, trabalhar sobre um aspecto do ser humano.   Que acredito, está sendo pouco estudado ou colocado ao Povo de Deus como algo importante, para que desta forma, o mundo ao seu redor possa continuar vendo, que há diferença sim, entre aquele que serve  e  o que não  serve a Deus.

Somente para deixar bem claro aonde pretendo chegar, quero esclarecer que vejo com bons olhos, quando no Povo de Deus, surge homens e mulheres que são usados para edificação do corpo de Cristo no aspecto intelectual principalmente, e assim portadores de uma sabedoria divina que os permitem tanto ensinar aos irmãos e irmãs em Cristo, como a defender a Fé que uma vez, foi dadas aos santos. Por exemplo, nas últimas duas décadas tem se levantado mestres entre o Povo de Deus que tem sido verdadeiros apologistas, quanto a influência de pseudo- ciências, como o Evolucionismo e outras teorias como do Big Bang. Contudo, a preocupação não é que a Igreja está se abrindo para uma edificação nesta área tão importante, como a intelectual, através de estudos esclarecedores aos filhos de Deus sobre assuntos, antes nem mesmo mencionados no arraial do Povo de Deus, mas o que preocupa é que esta abertura, tem fechado as portas para um aspecto de grande valor à igreja e na qual ela precisa sempre está  firme. Ou seja, se a igreja está mais preparada  para defender a Fé, com relação assuntos  como Evolucionismo, Big Bang, ela não pode deixar de vigiar e  assim perder sua compreensão sobre  aspectos volitivos e emocionais, os quais  precisa continuar sendo edificada.
Um  aspecto pouco mencionado em nossos dias nas igrejas evangélicas, é justamente a vaidade. Algo preocupante, pois justamente nesta Era das mídias digitais, Internet e Redes Sociais, foi que ela, mais do que nunca  encontrou combustível, fermento, anabolizantes para expandir-se  entre e nas pessoas.
A vaidade encontra-se derramada em todas as faculdades humanas, por isto creio que  não seja   fácil detectar e é tão difícil de ser sufocada, abafada em nossas vidas. A vaidade é uma construção do pensar, por exemplo, não existe vaidade que não exija do ser humano o uso do pensamento, é através dele que nos ligamos às demais pessoas. É lógico, que a vaidade sempre  leva a pessoa olhar para dentro de si primeiro,mas ela sempre tem como alvo outra pessoa, e para articular esta ligação é necessário usar o pensar, também é por ele que  podemos tornar a nossa vaidade objetiva, clara, nítida para os demais e não importa se seja  consciente ou inconsciente. Portanto, a vaidade está derramada na emoção humana, pois ela é a faculdade que nos individualiza, ou seja, cada pessoa tem sua própria vaidade, as tonalidades e especifidades da vaidade de cada um é própria, tem ´´DNA`` único. E por fim,  a vaidade está estreitamente ligada a vontade humana, pois é a volição  que nos faz agir, e ela é altamente relacionada com nossas atitudes e maneira de se comportar e realizar as coisas.
No tópico seguinte, discorrerei mais pormenorizadamente sobre a vaidade, em um primeiro momento, será caracterizada em diversas áreas do saber humano; em segundo lugar abordar-se-á quem tem estudado a mesma, nos dias atuais; logo após o estudo irá tentar expor o que a vaidade constrói, edifica no ser humano  e se ela tem um caráter passageiro ou não, para enfim fazer uma amarração de todo o conteúdo  com as mídias digitais e analisar como estas se utilizam da vaidade para promover, sua expansão e seu crescimento.

O que é a vaidade?
O sinal intelectual exterior da vaidade é a tendência à zombaria e ao rebaixamento dos outros. Só pode zombar e deleitar-se na confusão dos outros quem, instintivamente, se sente não vulnerável a semelhante zombaria e rebaixamento. (Fernando Pessoa

A vaidade tem uma gama ampla de significados e aplicações, a partir da análise das mais diferentes áreas do saber humano, principalmente áquelas ligadas as ciências teológicas,   humanas e sociais. A seguir, serão descritos, caracterizados, a partir de tais áreas, a vaidade.  Essas descrições bem básicas, tem a finalidade de sustentar o ponto seguinte.

Etimologicamente, vaidade vem dos termos em latim vanitas, e vanus o qual deram origem as palavras vão, vazio.

Em dois dicionários de lingua portuguesa, temos os seguintes significados: ´´Ânsia de ser admirado ou elogiado.Orgulho; empáfia; ostentação.Futilidade.(Luft)  E,´´qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na fantasia, falso, ilusório e inútil), pode ser também, um desejo imoderado de atrair a admiração; presunção``(Aurélio).

Na Biblia Sagrada, vaidade será caracterizada a partir da  consagrada expressão do Pregador, do Orador de Eclesiastes ´´Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidade, tudo é vaidade (Ecl.1:01). Vaidade,  é neste caso ´´tudo`` aquilo que é efêmero, passageiro.  Na Bíblia de Jerusalém, ela é definida: ´´antes de tudo como vapor, sopro, pertencendo ao repertório das imagens (água, sombra, fumaça, etc), que na poesia hebraica, descrevem a fragilidade humana. Entretanto, no uso do Pregador, o termo perdeu o seu sentido concreto, evocando apenas o ser ilusório das coisas e, por consequinte, a decepção que  proporcionam ao homem.`` Alguém que tinha plena consciência do caráter passageiro tanto da vida quanto da vaidade era João Batista, que sabia que a mesma podia encher o coração de orgulho e altivez, afastando o ser humano de sua função de ´´preparar o caminho``,  mesmo que seja para Jesus. Provavelmente por isso,  quando os seus seguidores vieram  contar-lhe sobre o crecimento do ministério do seu primo, que hoje alguns também chamariam de ´´sucesso``, ele tenha respondido:   ´´é necessário que Ele cresça e que eu diminua``(Jo.3:30).

Na Filosofia, ela pode ser caracterizada como uma obsessão, um desejo incontrolado,  a qual está destituída de temperança (domínio próprio) e sabedoria, porém nutre-se de orgulho e do egoísmo. É uma característica peculiar ao sujeito aético, que por consequência o leva a ser  inimigo da vida virtuosa.

Teologicamente, a vaidade é um pecado, algo que afasta o ser humano de Deus,  coloca-o em direção oposto a Ele. A Igreja Romana a coloca  como um dos pecados capitais, associando-a ao orgulho, luxúria e soberba, ou seja, a vaidade dentro da Teologia Cristã, não é algo com alguma característica boa, antes é afastada da vida verdadeiramente cristã. Com certeza, a vaidade faz parte dos conteúdos não mencionados, mas sugeridos por Paulo, relacionados às obras da Carne ´´ e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus(Gl.5:21).

Na Antropologia, a vaidade é estudada como um comportamento essencialmente humano, por isso mesmo cultural e trans-histórico, que se vale de dado momento histórico, com suas tecnologias para vestir o ser humano, de determinada roupagem, usos, costumes e comportamento,  que por sua vez identificarão traços individuais e sociais mutantes dos indivíduos, de uma determinada época.

Sociologicamente, a vaidade é fenômeno social que está relacionado aos aspectos de convivência entre os indivíduos, nos mais diversos campos da vida social. Neste aspecto, a vaidade entre tantas outras características,  pode se tornar  uma força conflitante entre as pessoas, como  ser a alavanca de um novo processo de relação social (este aspecto  será mais trabalhado ao final deste texto).

Na Psicologia, quando analisada a vaidade a partir do mito de ´´Narciso``, ela é uma falha, uma dificuldade da alma humana, que leva à comportamentos prejudiciais, tanto para o vaidoso quanto para aqueles que se relacionam e sujeitam ao mesmo.

Enfim, a vaidade é algo muito mais complexo e perigoso do que se pode imaginar, ela  tem sido estudada por diversas áreas do saber humano, através dos séculos e mesmo assim não tem sido  totalmente decifrada, talvez pelo fato de afetar o ser total do Homem, que o leva  a promover uma ampla e perigosa  gama de interpretações, que assim o deixam sem uma compreensão clara, objetiva a respeito da mesma, o que resulta na falta de um pensamento consciente a respeito de si mesmo.

Quem estuda a vaidade, nos dias atuais?
Ser notado, ser ouvido, ser tratado com simpatia e afabilidade e ser visto com aprovação são todas as vantagens que se pode pretender obter com isso. É a vaidade, e não a tranquilidade ou o prazer, que nos interessa.(Adam Smith –  Economista e Filósofo escôces )

Como percebemos muitas são as áreas  que procuram entender o significado da vaidade. Entretanto, para quem está atento a produção literária, principalmente cristã, aos estudos bíblicos nas igrejas, as pregações em todas as denominações e através de todos os meios de comunicação hodiernos, pouco ou quase nada encontramos sobre a vaidade, dentro de uma análise totalmente direcionada  ou focada na mesma, como sendo algo essencialmente mau, negativo.  O que existe, é que uma vez ou outra, alguém dá um ´´grito´` de alerta sobre a questão, porém rapidamente o ´´grito```é esquecido e assim logo se esvai, e o silêncio toma conta novamente do estudo sobre a vaidade.

Gosto da passagem do Apóstolo Paulo, quando ele escreve aos irmãos de Filipos´´ Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós. ``(Fp. 3:01  ),ou seja, Paulo gostava de usar o método didático da repetição para frisar determinadas lições para os cristãos, em seus dias. E, quero reforçar algo que considero muito importante, creio ser um ponto nevrálgico, pois ao estudar sobre vaidade vejo como algo que mexe, tanto com o interior daquele que estuda para entender mais a fundo sobre a mesma, como com o  coração daquele que lerá ou ouvirá o que foi estudado, pelo estudioso primário. Estudar sobre questões científicas, mesmo que sejam importantes, nunca mexerá  com o ser humano, em sua consciência nem fazê-lo parar e refletir sobre questões éticas, morais e espirituais, como neste caso,  a vaidade.

 O que constrói a vaidade?
O aplauso é o ídolo da vaidade,  por isso as ações heróicas não se fazem em segredo, e por meio delas procuramos que os homens formem de nós o mesmo conceito, que nós temos de nós mesmos.( Matias Aires )

A vaidade, a partir da cosmovisão bíblica, é parte integrante da natureza caída do ser humano,  não pede licença, já está instalada no ser humano, queira ele ou não aceitar. Porém, ela pode permanecer adormecida, ou ser despertada e alimentada pelo ser humano... e, com certeza está mais acordada do que dormindo em nós, devido alguns motivos:

Um deles, como já foi mencionado acima, é o fato de nós, seres humanos, querendo ou não aceitar, (respeito quem entende diferente) está ainda com uma natureza caída.  ´´Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a Sua palavra não está em nós``   ( I Jo.1:08-10).Sendo assim, um dos pecados que mais comumente é praticado por nós é o da vaidade! 

Para trazer mais uma das maneiras como se constrói a vaidade no ser humano, quero utilizar-me de uma passagem bíblica dos Salmos, para ilustrar minha hipótese: ´´ Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.``(Sl.42:07), ou seja, um erro chama ou mesmo atrai outro erro, um pecado chama outro pecado. O ser humano é alguém que devido a sua natureza caída, pecaminosa, é egocêntrico, ou seja, egoísta que pensa somente em si, olha para suas próprias necessidades, sua preocupação é só ele mesmo, isto basta para associarmos  vaidade ao egoísmo. O sujeito vaidoso, é alguém centrado em si exclusivamente,  não se preocupa com os outros, ele é que deseja ser o centro das atenções e preocupações. E, para isto ele(a) fará qualquer coisa para ser sempre o centro das atenções.

Outra forma de inflar, solidificar ainda mais a vaidade no ser humano é a bajulação. A bajulação é  combustível para uma pessoa vaidosa. Ela, faz com que o vaidoso  infle até ao ponto que   exploda. A bajulação se encontra, principalmente na esfera do poder, e este não precisa ser necessariamente o econômico, pode ser  o ´´poder`` religioso,  cito este, por esclarecer melhor a questão. Nas igrejas evangélicas, ainda  há muitos pastores, evangelistas, presbíteros, cooperadores de forma geral, que fazem parte do chamado ´´baixo clero``, são aqueles que detém uma autoridade eclesiástica e que são bajulados por pessoas, os famosos ´´puxa sacos``,  que  só faltam carregar no colo tais autoridades eclesiásticas, mesmo que as mesmas não detenham riquezas materiais e tenham consciência de que Jesus, é o verdadeiro centro das atenções... É claro, que a bajulação é muito mais discarada quando o alvo das bajulações é alguém rico e líder religioso de uma grande igreja ou denominação, às vezes provoca até asco, nojo, presenciar tais bajuladores em ação. Porém, a preocupação aqui, é que essa  bajulação  ajude na construção da vaidade que é possível porque o vaidoso gosta de ser bajulado. Isto é  preocupante, pois não importa qual seja o tipo de liderança; tal pessoa, de pouca ou muita responsabilidade, é alguém que deve saber os males que a vaidade e a bajulação acarretam, tanto para o seu interior, como para o aspecto coletivo de suas responsabilidades, como lider de uma equipe.

Como é passageira a vaidade... Será?
A vaidade até se estende a enriquecer de adornos o mesmo pobre horror da sepultura (Matias Aires )

O ser humano, já nasce com um destino certo. Irá morrer! A vaidade é um artifício da natureza humana para prolongar, nem que seja temporariamente, a finitude de tudo aquilo que relaciona-se com às práticas humanas. O vaidoso, por conseguinte, permanecerá sempre vaidoso. Não há características boas ou más que serão frutos da velhice, o envelhecer, somente revelará com mais intensidade, o que já existia mesmo de forma camuflada.  A rabugice não é um ´´efeito`` da velhice, aquele(a) que é rabugento(a) na velhice, já o foi  na idade juvenil e na meia idade também; o que acontecia nestas épocas, era mais fácil  de camuflar tal rabugice. E, este  não é um pensamento original, Cícero há muito ensinava isto. Assim é a vaidade, ela acompanha o ser humano até os seus últimos dias. 

Se existe uma época que dinamizou, tornou ainda mais propício tal esquema é justamente esta  atual, também denominada, ´´época da juventude eterna``.Haja visto a multiplicação de ambientes para proporcionar tal ´´maravilha`` do século XXI, tais como: academias, centros de estéticas, clinícas de cirurgias plásticas, e outros, todas ferramentas a serviço da vaidade humana, o qual  em nossos dias são chamados de ambientes para o ´´cuidado com a saúde física e mental`` do ser humano.

Portanto, a vaidade não é passageira como pensam alguns, ela ainda permanece em muitos, tanto  nos últimos anos de suas vidas, como nos seus últimos suspiros e  alcança até mesmo à sepultura destes  .
Encerro este capítulo, citando  Matias Aires:´´ Só a vaidade é constante em nós; em tudo o mais a firmeza nos molesta: com o tempo e a razão vimos a perder uma grande parte da sensibilidade no exercício das paixões; porém o exercício da vaidade não se perde com a razão nem com o tempo.``


Como o mundo digital perpetua a vaidade.
Trazem os homens entre si uma contínua guerra
de vaidade; e conhecendo todos a vaidade alheia,
nenhum conhece a sua: a vaidade é um instrumento, que tira dos nossos olhos os defeitos próprios, e faz com que apenas os vejamos em uma distância imensa, ao mesmo tempo que expõem à nossa vista os defeitos dos outros ainda mais perto, e maiores do que são. A nossa vaidade é a que nos faz ser insuportável a vaidade dos demais.``
(Matias Aires)

Ao escrever este breve tratado sobre a vaidade, quero deixar claro que procurei fazer um estudo particular, para ajudar-me quanto a esta armadilha tão perto de cada um de nós, pois não sendo diferente dos demais seres humanos, estou tão próximo da vaidade como qualquer outra pessoa. Porém, decidi tornar tais palavras públicas, pois como foi pontuado em todo este texto, vivemos em uma época onde procuramos tratar de assuntos que não nos atinjam, mesmo dentro de aspectos éticos e morais. Contudo, ao pensar e refletir sobre este assunto, percebi que preciso está atento e por isto mesmo, vigiar mais quanto a atuação da vaidade em minha vida. E, comentando com algumas pessoas sobre este estudo, foi-me sugerido que publicasse, principalmente este último ponto do estudo, que versa sobre como a vaidade está intimamente ligada a conjuntura atual das mídias digitais.

Mas, como  pode ligar a vaidade com as Mídias Digitais? Infelizmente, penso que nunca deve ter surgido antes, entre as tecnologias construídas pelo ser humano, uma ferramenta tão estimuladora e facilitadora para a vaidade, como as mídias digitais. Entretanto, é importante frisar que o problema não está somente nelas, na verdade, há uma colaboração entre a natureza humana caída e tais ferramentas,pois principalmente através das chamadas ´´Rede Sociais``, desmoronaram barreiras que impediam ampliar o desejo de todo o vaidoso , quais sejam elas, as barreiras da instantaneidade, da popularização e da globalização.

Na atualidade, o supra sumo da vaidade são as Redes Sociais, o vaidoso ´´trabalha`` com algo efêmero. E, o que são  palavras, fotos e vídeos postados a cada hora ou mesmo  quase todo dia nas Redes Sociais , senão sinal da finitude, do efêmero que estão em todas estas publicações passageiras? Contudo, as Redes Sociais não teem em seus ingredientes somente o aspecto efêmero das coisas, elas permitem ridicularizar, esnobar, denegrir como nenhuma outra ferramenta de comunicação. E, como foi colocado acima, uma das armas mais usadas pelo vaidoso é  manchar a imagem do outro, a fim de que somente a sua ´´luz`` brilhe, e ´´brilhar`` é algo que mais o vaidoso deseja e gosta, principalmente para mostrar aquilo que ele, na verdade, não é.

Nas redes Sociais, há a possibilidade de potencializar a visibilidade estética das pessoas.   O Brasil é um dos países com mais fotologs no mundo e de maior participação nas demais Redes Sociais, onde existem milhões de fotos e vídeos expondo as pessoas, com isto não estou  querendo dizer que o brasileiro é vaidoso... aliás, nós somos um povo vaidoso, assim como qualquer outro povo ocidental.

Outra característica que as Redes Sociais favorecem é o fato de proporcionar ao vaidoso, a possibilidade de se enxergar cada vez melhor, mais inteligente, mais importante. Entretanto,  há fotos e vídeos pra lá de esquisitos e bizarros em Redes Sociais, mas como escreveu o filósofo paulista, Matias Aires ´´ a vaidade é um instrumento, que tira dos nossos olhos os defeitos próprios``.Então, a  perpetuação dos ´´sabidos``, que é o lado intelectual dos vaidosos irá se multiplicar mais e mais na Rede Mundial de Computadores.

Um outro aspecto que casa muito bem a vaidade com as Redes Sociais, é o fato da mesma ser construída, como citado acima, pela bajulação. Isto não é fato desconhecido por ninguém, que algumas pessoas  que ´´curtem``, ´´seguem``, nada mais estão fazendo do que bajularem a outras pessoas, que querem ou não ser bajuladas. É lógico,  aqui a ênfase está nos vaidosos, e como é de conhecimento geral eles gostam de ser bajulados, e para tal propósito  são profícuos e incansáveis em postar mensagens, fotos e vídeos para através dos mesmos receberem aplausos dos bajuladores de plantão.

Conclusão

Tire a sua própria conclusão, através destas passagens da Bíblia:
Quando Moisés disse a Deus, que não queria um povo saído dos seus lombos ( Ex.32:10-14).
Ao ver Maria  entoando o Magnificat, principalmente quando ela diz´´ (...) encheu de bens os famintos e despediu vazio aos ricos(...)`` (Lc. 1:46-55).
Ao ler Paulo, dizendo: ´´vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim (...)``(Gl.2:20).  
Ao saber de Jesus,´´ Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz `` (Fp.2:06-08).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada – Edição Revista e Corrigida – SBB - 1987
Bíblia de Jerusalém – Edições Paulinas – 198
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=38089

domingo, 13 de março de 2011

``Uma imagem vale mais do que mil palavras´´. Uma imagem de vídeo, na mídia de massa e na digital é ainda muito mais perigosa.

As imagens  podem para o senso comum, comunicar informação da melhor forma possível, muitas vezes superior a uma comunicação escrita ou oral. Será isto verdade mesmo?

A  imagem tem como finalidade  aumentar ou diminuir aquilo que precisa ser visto  - Ela é carregada de segundas intenções, daqueles que a produzem,  os quais conhecem as necessidades das pessoas que  querem atingir.  Assim sendo, a imagem da maneira como é produzida e editada, pode levar a um aumento de sensação de ânimo e fé, e a uma diminuição da desesperança. Contudo, a Fé, biblicamente falando, ´´vem pelo o ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus`` e a diminuição do medo, do pavor, da desesperança vem pela presença de Jesus conosco.

A imagem é pensada, produzida e veiculada para atingir um grupo específico dentro de um determinado momento histórico  -  O problema é que aqueles que propagam tal imagem em um veículo, como a internet não sabem que a mesma irá atingir, não somente o grupo alvo, como se perpetuará na ´´nuvem``, ela tornar-se-á uma imagem ridícula, indecifrável e até mesmo mais terrível ou humorística do que já é, nos dias atuais. 

A imagem  é  passível de interpretação  -  O ser humano é por natureza alguém que processa tudo aquilo que chega até ele, principalmente quando se trata de imagem, quer seja ela, estática ou em movimento. A interpretação surge a partir de diversos aspectos, tais  como:
·         grau de escolaridade;
·         circunstância momentânea de vida;
·         ambiente familiar;
·         cultura regional; 
·         acesso ou não a cultura no seu significado mais amplo possível;
·         tipo de grupo social - econômico e religioso; e muitos outros

Portanto, tudo aquilo que é veiculado na televisão e outras mídias digitais,  e que priorizam a visão serão, logicamente, interpretados conforme o conteúdo acumulado durante todo o tempo de vida da pessoa.

A imagem  transmite a ´´verdade`` -  A verdade do momento,  no contexto  em que  foi  construída e não dentro das pretensas aplicações, que os transmissores pretendiam dar àquela imagem, sejam ´´espirituais, psicológicas, econômicas, medicinais, etc...``.  O que se  assiste na tela é aquilo que está sintonizado a um determinado momento histórico, que  provavelmente já aconteceu, e que  muitas vezes foi até mesmo editado, afim de  que a verdade daquele momento fosse congelada, fossilizada para poder ser aplicada, como se fosse a própria Bíblia, para os mais desavisados.

A imagem  de vídeo  chega pronta, acabada e por isto mesmo não induz a nenhum esforço mental - Ou seja, a velocidade e o bombardeio constante de imagens impedem que o telespectador desenvolva qualquer tipo de raciocínio. A maioria das pessoas,  através dos recursos disponibilizados pelas redes sociais,    principalmente como o ´´You Tube``, deveria ao assistir,  ir dando pause em alguns  vídeos,   pensando, refletindo sobre o que está sendo dito, mas para  elas, isto seria entendiante e desgastante, pois teriam que pensar, raciocionar muito, o que lhes causaria cansaço e  impediria de continuar assistindo os vídeos.

A imagem contêm uma personagem  que  pode ser totalmente uma ´´mentira`` ou impor uma  interpretação ´´limitada`` daquilo que se está vendo -  Mentira, quando a personagem não tem nada a ver com a pessoa que está ali na tela.  Por exemplo, este tipo de personagem na vida real,  às vezes, fisicamente não se parece em nada com aquela retratada na imagem; alguns reis do passado, ao serem retratados por grandes pintores, exigiam que sua aparência fosse alterada, para não impressionar negativamente as pessoas. A personagem de ´´mentira``  é aquela que comportalmente, tambem não tem nada em comum com pessoa que ali está .  Isto acontece muito, com as imagens de vídeo. 

Entretanto, a imagem ainda limita a compreensão que temos em relação a personagem,  pois  ela congela um momento, um gesto, um olhar,  em  que aquela pessoa jamais irá repetir, no seu dia a dia.  Como por exemplo, a mão que Napoleão Bonaparte colocava por dentro da jaqueta, que se perpetuou como  sua marca registrada,  era uma  ação que  ele somente realizava para ser retratado. Quanto a imagem de vídeo,  a limitação se dá através de  alguns comportamentos, que as pessoas agregam ao seu modo de ser, para  construir uma personagem com características  emocionais mais ´´fortes``, para mexer com a alma daqueles que estarão assistindo o vídeo,  ou seja,  tal personagem mistura, agrega  temporariamente comportamentos que ele não tem no seu dia a dia. Alguns vídeos postados na rede mundial de computadores, infelizmente tem (perdoe-me o trocadilho),  sugerido que ´´Não basta ser pastor, tem que ser ator!`` Levando-nos a pensar: A que ponto a utilização das imagens por algumas pessoas e denominações, está chegando???

A imagem nos impressiona, ela não vem mais sozinha  -  Antes, em um quadro ou fotografia, a pessoa tinha acesso  a imagem estática, silenciosa, cujo impacto afetivo embora existisse, não era como nos dias atuais .  Nos dias contemporâneos,  as imagens transmitidas pela mídia digital veem acompanhadas de música, efeitos de luzes, entre outros recursos. Agregado a isto, a habilidade de explorar somente o lado emotivo das pessoas cresce cada vez mais,  e aumenta  a possibilidade de causar impactos mais duradouros nas pessoas. Isto se deve ao fato daqueles que estudam comunicação, nos dias de hoje , não restrigirem seus estudos a questões técnicas, mas principalmente a psicologia, antropologia, neurologia, sociologia, filosofia,  teologia,  como fontes auxiliares, o que se torna  altamente importante para conhecer quem está do outro lado, e assim saber como influenciá-lo, através de uma imagem impactante, que possivelmente irá trabalhar ou condicionar  a emoção e a  vontade do receptor da imagem.

Concluindo, é importante frisar e  nunca esquecer que existem imagens muito belas e enriquecedoras, que nos fazem pensar, imaginar, criticar, chorar, rir, interagir conscientemente com as mesmas,  principalmente aquelas que estão em quadros artisticamente, bem pintados e fotografias que unem  razão e emoção, técnica e paixão . Por isto, toda vez que você assistir principalmente vídeos, veja tudo com  atenção e pense um pouco mais, com o auxílio dos pontos destacados acima, e, com certeza você terá muito mais condições de estar acordado intelectualmente falando,  para discernir o que está a sua disposição, em matéria de imagem estática ou  em vídeo na Internet.

Abraço
Elias



domingo, 6 de março de 2011

A Diferença e o propósito entre Media e Medium – Algumas breves considerações

A igreja evangélica brasileira, nos últimos dez anos, tem avançado e investido muito  em  Mídias de comunicação tanto de massa como as digitais. É importante que a mesma compreenda quais são os propósitos inerentes a cada uma destas mídias. Para tanto  será trabalhado, inicialmente a caracterização dos termos ´´media`` e ´´medium``.Neste artigo, elas serão embasadas na compreensão de Walter Ong, em sua obra ´´The Orality and Literacy``, onde ´´media`` representa os meios de comunicação em que o emissor de uma mensagem  não ocupa apenas essa posição, mas a de  receptor tambem, antes de enviar o que quer que seja; e ´´medium`` representa os meios onde a mensagem é movida  num só sentido, do emissor para o receptor(Ong.p.175-176,1982).

Assim sendo, aplicando aos meios de comunicação concretos, os termos caracterizados acima, ´´medium`` são os meios de comunicação em massa como rádio, televisão, cinema, jornal e revista e ´´media`` são os meios de comunicação digitais, tais como celulares, smarthphones e internet. 

A partir destas considerações, fica claro que tanto para as ´´media``  como para os ´´medium``, são exigidos um trabalho de interação entre  emissor e  receptor diferenciados entre si, ainda, é possível perceber que  um ou dois destes propósitos se aplicam tanto aos meios de comunicação de massa quanto aos meios digitais, como a Internet. Contudo, a grande maioria está relacionada com as midias digitais que são distintas entre si, mas se interpolam e se apoiam mutuamente. Para entender com  pouco  mais de clareza,  quais são as maneiras ou com quais mensagens  cada um dos meios de comunicações atingem seus objetivos, Robert K. Logan, aponta 14  propriedades que estão ligadas às novas midias digitais ou ´´media``, o qual ele definiu da seguinte maneira:

1.                  Comunicação bidirecional.
As mídias digitais estão acabando com a mão única na comunicação entre as pessoas, as implicações disto são muito importantes. Pois se antes, através dos meios de comunicação em massa, a mensagem tinha uma única via de trânsito, que era possível fazer dos receptores meros recipientes, porém os receptores agora estão no mesmo nível dos emissores, ou seja, o receptor é emissor e vice-versa. A partir desta propriedade, os cultos onlines no futuro, permitirão maior interatividade entre comunicadores e internautas e haverá até mesmo uma adaptação dos sermões, onde o visual irá se sobrepor à audição.Assim sendo, uma comunicação mais visual sobre uma de carater oral é que precisam ser compreendidas por aqueles que a realizam dentro das igrejas.

2.                  Facilidade de acesso e difusão da informação.

Com certeza, esta é uma propriedade  ligada tanto as mídias de massa quanto as digitais, pois apesar da unilateralidade das ´´medium`` elas proporcionaram às pessoas, principalmente a partir do início do século vinte, acesso a um amplo conteúdo de informações, o qual em nenhum outro período histórico, a humanidade havia alcançado. Com a chegada das ´´media``,a difusão e o acesso explodiram, e hoje  a grande preocupação é:  Quais serão as influências no ser humano, devido a esta grande difusão e facilidade ao acesso às informações? Por exemplo, doutrinas ortodoxas e heterodoxas estarão em pé de igualdade, a exposição de pregadores excêntricos, que sabem usar o poder da imagem, crescerá exponencialmente.

3.Educação virtual: o aprendizado contínuo.

A educação nos últimos anos tem mudado drásticamente,  os livros didáticos por isto mesmo  estão com os dias, anos ou mesmo décadas contados. O tempo para a completa extinção dos livros didáticos, principalmente dentro da Escola Pública, nos moldes atuais, se valerá muito da vontade política dos governantes que avaliam as suas decisões mais por critérios econômicos do que realmente pedagógicos.

As mídias digitais trarão para o ambiente da sala de aula, novos  modos de ensinar e também de aprender. As crianças e adolescentes de nossos dias e de um futuro próximo, altamente influenciados pela teleevisão e jogos eletrônicos, não irão mais suportar a ´´arquitetura`` didática da atual sala de aula, a qual está apropiada às crianças do início do século vinte. Assim sendo, o grande desafio educacional deste século é e será, como os educadores irão diferenciar processo ensino-aprendizagem de entretenimento.

O professor precisará portanto de uma formação continuada mais especializada na área e os alunos precisarão ser mais disciplinados. Porém o brasileiro de forma geral é um sujeito muito indisciplinado, o que exige uma mudança educacional com respeito a esta típica atitude cultural (indisciplina). A família, a escola e a igreja serão os ambientes educativos onde este comportamente deverá ser mais trabalhado. O s seminários das e nas igrejas, se tornarão cada vez mais virtuais, principalmente, devido aos recursos, como Bíblias, livros digitais e softwares voltados para o ensino online à distância.


4. Alinhamento e integração.

As novas mídias digitais estão proporcionando o alinhamento das pessoas,  que  em grande parte relaciona-se na afinidade de idéias das mesmas. As redes sociais estão permitindo que mais pessoas encontrem outras com as quais podem alinhar seus pensamentos e gostos e com isto há uma integração  maior, inicialmente virtual, depois pode se tornar concreta, dependendo dos propósitos contidos no alinhamento das afinidades. Como por exemplo, que ocorreu e tem ocorrido nos países do norte da África e Oriente Médio, com relação a questões sócio-políticas.

5. Criação de comunidades.

Cada internauta acaba por ligar-se a outro, e assim muitas comunidades virtuais vão surgindo, definindo e distinguindo cada propósito relacionado ao alinhamento e integração das pessoas através das redes sociais. Hoje existem, comunidades para todo  tipo e classe de pessoa, isto é fácil de conferir, através de uma rápida pesquisa na internet. Muitas pessoas,  menos avisadas,  entram  em comunidades a procura de pessoas com a mesma crença, idéias, filosofias, metas e acabam encontrando uma grande dor de cabeça, isto não significa que não existam encontros saudáveis e bons nas redes sociais, porém não se deve esperar o melhor em um contato com quem você nunca viu e nem sabe se a s intenções delas são verdadeiras.

 6. Portabilidade e a mobilidade, bem como flexibilidade de tempo (tempo de  deslocamento), que proporcionam aos utilizadores com liberdade no espaço e no tempo.

Os celulares estão se tornando cada dia mais aparelhos populares, milhões são vendidos todos os anos em uma curva ascendente. Uma das características dos celulares é a portabilidade, uma identidade que as ´´medias``  tem valorizado e buscado cada dia mais. Isto torna tanto o receptor como o transmissor em sujeitos que podem estar em qualquer lugar e assim mesmo terão acesso aos conteúdos em qualquer lugar e hora. Cada dia mais as pessoas terão acesso a informações que levavam dias para se espalhar pelo mundo; a mobilização de pessoas para eventos se tornará cada vez mais rápida e mediada por smarthphones, celulares e rádios transmissores portáteis, cultos e estudos bíblico serão cada vez mais acessados e assistidos. Se o mundo tornar-se-á um lugar melhor? Prefiro ficar com a Bíblia. ´´Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirãotempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natual, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afaste-te.`` II Tim. 3:01-05

7. Tecnologia, mídias híbridas e convergência de diversas mídias.

Um meio híbrido representa a convergência de diversas mídias, para que possam realizar mais de uma função e combinar, como é o caso  do telefone celular que funciona como câmara de filmar, mas pode tirar fotografias e transmiti-los. Os sistemas híbridos são por isso mesmo mais eficientes do que os componentes individuais. Assim sendo, o telefone celular que tira fotos,  transmite, fornece mensagens de texto, serve como um porto da Internet. Outro exemplo é o notebook, que é um computador e ao mesmo tempo é uma porta para Internet, leitor de CD e DVD, um gravador e, às vezes um iChat ou telefone VOIP. A convergência permite que muitas tarefas sejam realizadas no mesmo dispositivo, resultando em um nível de alinhamento e integração dos meios de comunicação nunca antes experimentadas. A (w.w.w.) World Wide Web ou a Rede de alcance mundial,  é  outro exemplo de um meio convergente, que integra texto, áudio, vídeo, gráficos e permite que haja possibilidade em participar de conferências, conversando, telefonando,  como acesso a sites de vendas, compras, leilões, bancos, buscando , pesquisando, aprendendo, participando de seminário, feiras e jogos.

As empresas de comunicação que ainda usam como suporte os meios tradicionais ( televisão, rádio, jornais e revistas impressas) de transmissão de conteúdos, estão migrando para as tecnologias híbridas, porém, ainda é cedo para dizer quando essa migração chegará ao fim. O importante é entender que essas mídias se tornarão mais baratas e por isto mesmo mais acessíveis aos consumidores de conteúdo, isso nos permite deduzir que o investimento em tecnologias híbridas devem está nas pautas de objjetivos daqueles que precisarem transmitir qualquer conteúdo através das mídias digitais


8. Interoperabilidade.

É a possibilidade de agregação técnica que a digitalização possibilitou às mídias digitais e não digitais alcançarem, para assim permitir a convergência de todas espécies de mídias. Os avanços da Ciência, nos últimos quarenta anos, em relação aos fundamentos analógicos e digitais aplicados aos meios de comunicação avançaram muito, e continuarão, o que permitirá um maior desenvolvimento na interoperabilidade das medias.
  
9. Agregação de conteúdo e fonte de informação abundante, o qual é facilitada pela digitalização e convergência.

Outra propriedade das "novas mídias", além da convergência de diferentes meios de comunicação é que os conteúdos ficam agregados. Um fator que promove a agregação  é a  facilidade do acesso à informação digitalizada, as  "novas mídias" tornam possível também o ajuntamento de conteúdos de diferentes fontes, segundo grupos específicos. As midias digitais estão permitindo que de uma  forma mais rápida as preferências, gostos das pessoas sejam conhecidos,  de maneira que empresas de todos segmentos, estão investindo em programas de  verificação cruzadas, a fim de obterem resultados mais efetivos para lançarem produtos bem alinhados com o que maioria prefere.

Os agregadores permitem que haja uma maior confiabilidade da informação transmitida pela Internet. Todos aqueles que promovem um cruzamento entre a multidão de informações lançadas na internet e conseguir filtrar até chegar àquelas mais confiáveis,  atrairá um grande público para si.


10. Explosão da escolha: o fenômeno da cauda longa.

As mídias digitais, devido ao seu caráter numérico indefinido, tem tornado a possibilidade de escolha algo impossível de se realizar, a consequência disto é o chamado aumento do ´´ruído``, ou seja, as pessoas precisam  tornar-se atentas para não seguirem um´´ruído`` que as levará a um encontro indesejado. Para que isso não aconteça, elas precisam saber o como  é importante ter consciência  de que há produtores de conteúdos que pagam por atenção para  tornar  os seus ´´produtos`` mais facilmente encontrados.  Entretanto, há uma realidade já disponível, onde as pessoas teem acessos a aplicativos, mecanismos para checar informações que podem desta maneira, segundo Gilberto Dimenstein colocou em sua coluna, no jornal Folha de São Paulo, aguçar o poder crítico do indivíduo e ainda tais dispositivos podem permitir  cruzamentos que tornarão as informações mais transparentes.

Com certeza, um dos mais importantes raciocínios sobre como são inesgotáveis ´´por enquanto`` as possibilidades da internet, é o pensamento do jornalista Chris Anderson, que cunhou o conceito ´´Cauda Longa`` . O conceito é baseado na idéia de uma curva formada por consumos que nunca zeram, a chamada distribuição de longo trajeto.
Desta forma,   Anderson coloca que durante o século XX,  o olhar dos negócios esteve direcionado para a grande popularidade dos sucessos, porém com a internet  veio o   momento de uma mudança de perspectiva. Ele observou que  na parcela que recebia menos atenção, a trajetória que prosseguia até o ápice nunca zerava. Assim ele chegou a seguinte conclusão: “O amplo leque de opções de produtos está disponível a todo o tipo de público pela internet”, ao elucidar que enquanto uma loja física é capaz de reunir um limitado número de itens, uma virtual apresenta uma gama de produtos muito maior, e à medida que acrescenta produtos aos negócios de uma empresa, sua audiência é ampliada em algum lugar do mundo. Com isto,  existe a possibilidade de atingir os  nichos de consumo muito  pequenos,  mas que pagam qualquer preço pelo produto exclusivo, até os nichos mais populares, que propocionam lucros pela quantidade. Assim sendo, todos  que quiserem fazer da internet seu braço principal de propaganda e vendas, deverá aumentar exponencialmente a oferta de produtos, para com isto alcançar uma audiência mais diversificada e também globalizada.
As aplicações da ´´Cauda Longa``, quanto a religião é que são preocupantes, pois no desejo de diversificar a sua audiência e tornar o seu alcance mais longinguo,  haverá a necessidade de aumentar os´´produtos`` a serem oferecidos, e a pergunta que não pode deixar de ser feita é:  Por acaso, as religiões trabalham com um ´´produto`` comercial? Pois, o que há na rede mundial de computadores e que pode ser constatado por uma simples pesquisa, ou uma rápida navegada é que  uma boa parte de blogs e sites. religiosos, dão mais destaques aos produtos comerciais do que a mensagem religiosa Porém, por outro lado é possível, ao menos hipoteticamente, que a ´´Cauda Longa`` aplicada a religião, pode promover a criatividade das pessoas.

11. O consumidor como produtor de conteúdo - o fechamento do hiato entre produtores e consumidores de mídia.

As ferramentas proporcionadas pelas mídias digitais, para o armazenamento e o trabalho com dados, juntamente com a proliferação das plataformas sociais e de comunicação gratuitas desde Facebook, You Tube, Orkut, Blogs, Skipe entre outros, junto com o aumento da velocidade da banda larga e da capacidade de processamento dos computadores, tem possibilitado para pessoas que não são profissionais da comunicação, criar conteúdos em grande quantidade.

Com as possibilidades advindas das mídias digitais, é chegado o tempo de uma nova mudança na divisão de trabalho, como aconteceu no período da Revolução Industrial, para alguns chega a ser até mesmo um retorno. Pois, antes da Revolução industrial, na sociedade feudal, tanto produtor como consumidor eram o mesmo sujeito. Através da revolução mecânica de organização que a industrialização provocou, surgiu uma divisão do trabalho onde passou a existir distintamente, os produtores e os consumidores, cada um em seu campo de atuação, com isto há uma centralização das atividades relacionadas ao processo produtivo industrial. Com as novas mídias surgem a possibilidade da reintegração do produtor e do consumidor. As diferentes formas de "novas mídias", capacitam seus usuários para criar seus próprios conteúdos  e assim, o  papel deles como consumidores passivos de conteúdos é invertido, tornando-os produtores e criadores de blogs, sites, como também criadores de próprios programas de rádio e até mesmo de filmes. As  "novas mídias" proporcionam uma capacidade não só  para a produção de conteúdos multimídia,  fornecem também os meios de distribuição de conteúdo para um público mundial, através da Internet.

Assim como a divisão de trabalho, advinda do modelo industrial moderno, modificou radicalmente a sociedade em suas variadas áreas, tais como: a trabalhista, educacional, a religiosa, a familiar, a habitacional, é bem provável que esta nova divisão de trabalho, promovida pelas mídias digitais, irá alterar novamente a maneira como vivemos, trabalhamos, relacionamos, aprendemos, cultuamos e assim passaremos a uma nova estrutura de sociedade. O qual exigirá de nós, uma profunda compreensão desta nova realidade social e como ela se relaciona com a Cosmovisão Bíblica!


12. Coletividade social e cooperação cibernética.

Todos os meios de comunicação, desde um simples diálogo, passando por uma conversa ao telefone ou uma troca de cartas, promovem a interação coletiva e cooperação entre as pessoas. Porém, algo sem precedentes tem ocorrido através das mídias digitais, pois aquilo que atingia um grupo muito reduzido de pessoas, hoje tem alcançado proporções globais e, algo que acontecia entre grupos de conhecido,s, chega a ocorrer entre pessoas que nunca se conheceram.

As formas coletivas de cooperação que as "novas mídias" viabilizam podem ser divididas nas seguintes categorias: interesses coletivos, decisões coletivas, recursos coletivos e projetos coletivos. Uma série de sites permitem que as pessoas que partilham interesses comuns se identifiquem uns aos outros, e sempre que possível eles permitem até o agendamento de encontros para que as pessoas possam compartilhar experiências e/ou organizar atividades conjuntas off line.

Coletividades e cooperações cibernéticas, estão avançando cada vez mais, desde áreas relacionadas ao emprego, negócios, busca de direitos humanos-ambientais e animais, relacionamentos amorosos, podendo chegar até mesmo à área religiosa.


13. Cultura do remix que a digitalização facilita.

A ´´Cultura Remix`` é uma das produções mais polêmicas da Era Digital, ela é a criação de novos artefatos culturais a partir de elementos culturais pré-existentes, ou seja, ´´alguns`` a chamam de plágio. Porém, segundo os defensores da cultura remix, a própria estrutura da web é a grande facilitadora e incentivadora da mesma, senão não existiriam os milhões de vídeos remixados circulando no You Tube, por exemplo, e em vez de condenarem tais remix, a própria mídia valoriza estes trabalhos, promovendo-os em programas televisivos. Com a grande ´´criatividade`` das pessoas, aliada ao aspecto democrático da  Web, os remix, estarão sendo postados na rede mundial de computadores, tanto para a diversão de milhões, como para o desprezo de alguns. Esta questão ainda trará muito debate entre criadores, políticos, produtores, Ministério da Cultura e a grande multidão de internautas que remixam e os que utilizam tais remix, é tanto que tal debate já existe entre os defensores do Copyright e os do Creative Commons. O Copyright, a grosso modo, é um termo utilizado para direitos de propriedade e de reprodução intelectual, onde somente o criador ou o proprietário, tem direitos de propriedade intelectual em uma versão mais flexível, que permite desde uma restrição análoga ao copyright até uma restrição bem mais branda, com direito a remixagem e uso comercial da produçaõ por terceiros.


14. Transição de produtos para serviços.

A última tendência  proveniente das novas mídias digitais que será abordada neste artigo é  a transição dos produtos  para os  serviços virtuais. Em vez de um produto como uma música, pregação, palestra ou software em DVD, BLUE RAY, CD e  CD-Rom e até mesmo livros impressos e embrulhados para presente, a tendência  daqui a dez ou vinte anos mais ou menos,  será a venda através da internet, onde os mesmos produtos  citados anteriormente com  uma funcionalidade bem melhor, serão baixados diretamente  através do ciberespaço, E, é importante lembrar que a distribuição do sofrware pela internet, tem a vantagem da atualização  o qual possibilitará ao serviço tornar-se um processo contínuo..As igrejas, missões, ongs terão  que se adaptar  na captação de recursos financeiros, mudando da esfera material, hoje ancorado  em livros, DVDs, CDs e CD-Rom,objetos físicos, para a internet,  apresentando serviços virtuais com  muito mais qualidade e com  um processo contínuo de atualização, exigindo assim um suporte de pesquisa e inovação contínuo, na produção de novos serviços, que envelhecerão rapidamente.

Conclusão

As instituições precisam ficar atentas as modificações que o próprio mercado tecnológico está impondo à sociedade, como um todo. As grandes empresas do setor de tecnologia digital, por enquanto não tem muita pressa ( pressa, elas sempre terão) em colocar suas formas de ganhar dinheiro com as pessoas, antes é necessário amadurecer e condicionar a sociedade para as influências das tecnologias de ponta, e então, lançar tudo o que já está preparado e  até o que  está em fase de experiência, mas que em poucos anos, estará pronto para chegar ao mercador consumidor. Por isto, estar atento aos passos que as industrias de software e hardware  dão, é uma maneira de preparar-se para saber como se adequar ás formas de levantar recursos financeiros, no futuro.

Para encerrar, é importante emitir que discordo de muitas atitudes que as organizações religiosas terão que tomar para continuarem levantando recursos.  Somente apontei os caminhos que já estão sendo trilhados hoje e, que somente irão adaptar-se aos trilhos virtuais da mídia digital em um futuro, não muito distante, para o perfil de cristão que atualmente pode ser denominado de cristão classe-média.

Fontes
Folha de São Paulo. Caderno Cotidiano.27 de fevereiro de 2011.Artigo ´´Ficou fácil deixar o rei nú``
Ong, Walter. Orality and Literacy - The technologizing of the word. Routledge.London and New York,,1995

Abraço
Elias