domingo, 27 de março de 2011

VAIDADE E BAJULAÇÃO NO MUNDO DIGITAL

Introdução
O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação. ( Fernando Pessoa )
Vaidade de vaidade, diz o pregador, vaidade de vaidade, tudo é vaidade.
(Salomão)

Deus deixou entre o Seu povo, vários ministérios e dons afim de que através dos mesmos a Sua Igreja pudesse ser edificada. O apóstolo Paulo, escreveu o seguinte:´´Mas a graça de Deus foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens... E, Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." ( Ef.4:7,11-16); e aos irmãos de Roma, ele esclareceu: ´´Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;  se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria``(Rm12:03-08).  

 É importante, que o Povo de Deus, saiba em que sentido(s) pode e deve ser conduzido para a edificação. Com certeza, Deus sempre deseja que Seu Povo, amadureça, cresça, seja edificado em todos os aspectos relacionados aos seus ministérios e em relação às suas características humanas, ou seja, a Igreja de Cristo, que é composta por seres humanos, tem que através da Bíblia, discernir quais as áreas onde  precisa está indo, sempre de Glória em Glória. 

Deus, através da Bíblia, revela o desejo de ver seus filhos e filhas sendo edificados, aperfeiçoados em diversas áreas, vejamos de forma geral e objetivamente, algumas delas:
1.      Espiritual - Mt.6:33; Ef.5:01; Cl.3:01; II Pe. 3:18
2.      Social - Sl.133; Rm.12:13-21; Rm.15:05-07; Fp.4:02
3.      Emocional - I Tess.3:12; Pv.17;22
4.      Volitiva - Ef.5;01-21; ICo.11:31
5.      Intelectual - Rm.12:02; II Pe. 3:18
6.      Corporal - Rm.6:19; Rm.12:01

Ao prestar atenção em cada uma destas áreas onde Deus deseja que Sua igreja seja edificada, seria uma temeridade, unilateralizar, diminuir as mesmas e assim não perceber que Deus tem uma visão ampla e irrestrita sobre o Seu povo.  Principalmente,  compreendendo que  não são independentes uma das outras, antes estão ligadas e que Deus não promove um crescimento unilateral, deixando uma área e priorizando outra, no ser humano; antes Ele deseja e trabalha para que a edificação da Sua Igreja seja unânime e proporcional.

Assim sendo, não será meu propósito diminuir ou esvaziar qualquer uma das áreas acima citadas ou não, mas destacar uma delas e afunilando, trabalhar sobre um aspecto do ser humano.   Que acredito, está sendo pouco estudado ou colocado ao Povo de Deus como algo importante, para que desta forma, o mundo ao seu redor possa continuar vendo, que há diferença sim, entre aquele que serve  e  o que não  serve a Deus.

Somente para deixar bem claro aonde pretendo chegar, quero esclarecer que vejo com bons olhos, quando no Povo de Deus, surge homens e mulheres que são usados para edificação do corpo de Cristo no aspecto intelectual principalmente, e assim portadores de uma sabedoria divina que os permitem tanto ensinar aos irmãos e irmãs em Cristo, como a defender a Fé que uma vez, foi dadas aos santos. Por exemplo, nas últimas duas décadas tem se levantado mestres entre o Povo de Deus que tem sido verdadeiros apologistas, quanto a influência de pseudo- ciências, como o Evolucionismo e outras teorias como do Big Bang. Contudo, a preocupação não é que a Igreja está se abrindo para uma edificação nesta área tão importante, como a intelectual, através de estudos esclarecedores aos filhos de Deus sobre assuntos, antes nem mesmo mencionados no arraial do Povo de Deus, mas o que preocupa é que esta abertura, tem fechado as portas para um aspecto de grande valor à igreja e na qual ela precisa sempre está  firme. Ou seja, se a igreja está mais preparada  para defender a Fé, com relação assuntos  como Evolucionismo, Big Bang, ela não pode deixar de vigiar e  assim perder sua compreensão sobre  aspectos volitivos e emocionais, os quais  precisa continuar sendo edificada.
Um  aspecto pouco mencionado em nossos dias nas igrejas evangélicas, é justamente a vaidade. Algo preocupante, pois justamente nesta Era das mídias digitais, Internet e Redes Sociais, foi que ela, mais do que nunca  encontrou combustível, fermento, anabolizantes para expandir-se  entre e nas pessoas.
A vaidade encontra-se derramada em todas as faculdades humanas, por isto creio que  não seja   fácil detectar e é tão difícil de ser sufocada, abafada em nossas vidas. A vaidade é uma construção do pensar, por exemplo, não existe vaidade que não exija do ser humano o uso do pensamento, é através dele que nos ligamos às demais pessoas. É lógico, que a vaidade sempre  leva a pessoa olhar para dentro de si primeiro,mas ela sempre tem como alvo outra pessoa, e para articular esta ligação é necessário usar o pensar, também é por ele que  podemos tornar a nossa vaidade objetiva, clara, nítida para os demais e não importa se seja  consciente ou inconsciente. Portanto, a vaidade está derramada na emoção humana, pois ela é a faculdade que nos individualiza, ou seja, cada pessoa tem sua própria vaidade, as tonalidades e especifidades da vaidade de cada um é própria, tem ´´DNA`` único. E por fim,  a vaidade está estreitamente ligada a vontade humana, pois é a volição  que nos faz agir, e ela é altamente relacionada com nossas atitudes e maneira de se comportar e realizar as coisas.
No tópico seguinte, discorrerei mais pormenorizadamente sobre a vaidade, em um primeiro momento, será caracterizada em diversas áreas do saber humano; em segundo lugar abordar-se-á quem tem estudado a mesma, nos dias atuais; logo após o estudo irá tentar expor o que a vaidade constrói, edifica no ser humano  e se ela tem um caráter passageiro ou não, para enfim fazer uma amarração de todo o conteúdo  com as mídias digitais e analisar como estas se utilizam da vaidade para promover, sua expansão e seu crescimento.

O que é a vaidade?
O sinal intelectual exterior da vaidade é a tendência à zombaria e ao rebaixamento dos outros. Só pode zombar e deleitar-se na confusão dos outros quem, instintivamente, se sente não vulnerável a semelhante zombaria e rebaixamento. (Fernando Pessoa

A vaidade tem uma gama ampla de significados e aplicações, a partir da análise das mais diferentes áreas do saber humano, principalmente áquelas ligadas as ciências teológicas,   humanas e sociais. A seguir, serão descritos, caracterizados, a partir de tais áreas, a vaidade.  Essas descrições bem básicas, tem a finalidade de sustentar o ponto seguinte.

Etimologicamente, vaidade vem dos termos em latim vanitas, e vanus o qual deram origem as palavras vão, vazio.

Em dois dicionários de lingua portuguesa, temos os seguintes significados: ´´Ânsia de ser admirado ou elogiado.Orgulho; empáfia; ostentação.Futilidade.(Luft)  E,´´qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na fantasia, falso, ilusório e inútil), pode ser também, um desejo imoderado de atrair a admiração; presunção``(Aurélio).

Na Biblia Sagrada, vaidade será caracterizada a partir da  consagrada expressão do Pregador, do Orador de Eclesiastes ´´Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidade, tudo é vaidade (Ecl.1:01). Vaidade,  é neste caso ´´tudo`` aquilo que é efêmero, passageiro.  Na Bíblia de Jerusalém, ela é definida: ´´antes de tudo como vapor, sopro, pertencendo ao repertório das imagens (água, sombra, fumaça, etc), que na poesia hebraica, descrevem a fragilidade humana. Entretanto, no uso do Pregador, o termo perdeu o seu sentido concreto, evocando apenas o ser ilusório das coisas e, por consequinte, a decepção que  proporcionam ao homem.`` Alguém que tinha plena consciência do caráter passageiro tanto da vida quanto da vaidade era João Batista, que sabia que a mesma podia encher o coração de orgulho e altivez, afastando o ser humano de sua função de ´´preparar o caminho``,  mesmo que seja para Jesus. Provavelmente por isso,  quando os seus seguidores vieram  contar-lhe sobre o crecimento do ministério do seu primo, que hoje alguns também chamariam de ´´sucesso``, ele tenha respondido:   ´´é necessário que Ele cresça e que eu diminua``(Jo.3:30).

Na Filosofia, ela pode ser caracterizada como uma obsessão, um desejo incontrolado,  a qual está destituída de temperança (domínio próprio) e sabedoria, porém nutre-se de orgulho e do egoísmo. É uma característica peculiar ao sujeito aético, que por consequência o leva a ser  inimigo da vida virtuosa.

Teologicamente, a vaidade é um pecado, algo que afasta o ser humano de Deus,  coloca-o em direção oposto a Ele. A Igreja Romana a coloca  como um dos pecados capitais, associando-a ao orgulho, luxúria e soberba, ou seja, a vaidade dentro da Teologia Cristã, não é algo com alguma característica boa, antes é afastada da vida verdadeiramente cristã. Com certeza, a vaidade faz parte dos conteúdos não mencionados, mas sugeridos por Paulo, relacionados às obras da Carne ´´ e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus(Gl.5:21).

Na Antropologia, a vaidade é estudada como um comportamento essencialmente humano, por isso mesmo cultural e trans-histórico, que se vale de dado momento histórico, com suas tecnologias para vestir o ser humano, de determinada roupagem, usos, costumes e comportamento,  que por sua vez identificarão traços individuais e sociais mutantes dos indivíduos, de uma determinada época.

Sociologicamente, a vaidade é fenômeno social que está relacionado aos aspectos de convivência entre os indivíduos, nos mais diversos campos da vida social. Neste aspecto, a vaidade entre tantas outras características,  pode se tornar  uma força conflitante entre as pessoas, como  ser a alavanca de um novo processo de relação social (este aspecto  será mais trabalhado ao final deste texto).

Na Psicologia, quando analisada a vaidade a partir do mito de ´´Narciso``, ela é uma falha, uma dificuldade da alma humana, que leva à comportamentos prejudiciais, tanto para o vaidoso quanto para aqueles que se relacionam e sujeitam ao mesmo.

Enfim, a vaidade é algo muito mais complexo e perigoso do que se pode imaginar, ela  tem sido estudada por diversas áreas do saber humano, através dos séculos e mesmo assim não tem sido  totalmente decifrada, talvez pelo fato de afetar o ser total do Homem, que o leva  a promover uma ampla e perigosa  gama de interpretações, que assim o deixam sem uma compreensão clara, objetiva a respeito da mesma, o que resulta na falta de um pensamento consciente a respeito de si mesmo.

Quem estuda a vaidade, nos dias atuais?
Ser notado, ser ouvido, ser tratado com simpatia e afabilidade e ser visto com aprovação são todas as vantagens que se pode pretender obter com isso. É a vaidade, e não a tranquilidade ou o prazer, que nos interessa.(Adam Smith –  Economista e Filósofo escôces )

Como percebemos muitas são as áreas  que procuram entender o significado da vaidade. Entretanto, para quem está atento a produção literária, principalmente cristã, aos estudos bíblicos nas igrejas, as pregações em todas as denominações e através de todos os meios de comunicação hodiernos, pouco ou quase nada encontramos sobre a vaidade, dentro de uma análise totalmente direcionada  ou focada na mesma, como sendo algo essencialmente mau, negativo.  O que existe, é que uma vez ou outra, alguém dá um ´´grito´` de alerta sobre a questão, porém rapidamente o ´´grito```é esquecido e assim logo se esvai, e o silêncio toma conta novamente do estudo sobre a vaidade.

Gosto da passagem do Apóstolo Paulo, quando ele escreve aos irmãos de Filipos´´ Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós. ``(Fp. 3:01  ),ou seja, Paulo gostava de usar o método didático da repetição para frisar determinadas lições para os cristãos, em seus dias. E, quero reforçar algo que considero muito importante, creio ser um ponto nevrálgico, pois ao estudar sobre vaidade vejo como algo que mexe, tanto com o interior daquele que estuda para entender mais a fundo sobre a mesma, como com o  coração daquele que lerá ou ouvirá o que foi estudado, pelo estudioso primário. Estudar sobre questões científicas, mesmo que sejam importantes, nunca mexerá  com o ser humano, em sua consciência nem fazê-lo parar e refletir sobre questões éticas, morais e espirituais, como neste caso,  a vaidade.

 O que constrói a vaidade?
O aplauso é o ídolo da vaidade,  por isso as ações heróicas não se fazem em segredo, e por meio delas procuramos que os homens formem de nós o mesmo conceito, que nós temos de nós mesmos.( Matias Aires )

A vaidade, a partir da cosmovisão bíblica, é parte integrante da natureza caída do ser humano,  não pede licença, já está instalada no ser humano, queira ele ou não aceitar. Porém, ela pode permanecer adormecida, ou ser despertada e alimentada pelo ser humano... e, com certeza está mais acordada do que dormindo em nós, devido alguns motivos:

Um deles, como já foi mencionado acima, é o fato de nós, seres humanos, querendo ou não aceitar, (respeito quem entende diferente) está ainda com uma natureza caída.  ´´Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a Sua palavra não está em nós``   ( I Jo.1:08-10).Sendo assim, um dos pecados que mais comumente é praticado por nós é o da vaidade! 

Para trazer mais uma das maneiras como se constrói a vaidade no ser humano, quero utilizar-me de uma passagem bíblica dos Salmos, para ilustrar minha hipótese: ´´ Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.``(Sl.42:07), ou seja, um erro chama ou mesmo atrai outro erro, um pecado chama outro pecado. O ser humano é alguém que devido a sua natureza caída, pecaminosa, é egocêntrico, ou seja, egoísta que pensa somente em si, olha para suas próprias necessidades, sua preocupação é só ele mesmo, isto basta para associarmos  vaidade ao egoísmo. O sujeito vaidoso, é alguém centrado em si exclusivamente,  não se preocupa com os outros, ele é que deseja ser o centro das atenções e preocupações. E, para isto ele(a) fará qualquer coisa para ser sempre o centro das atenções.

Outra forma de inflar, solidificar ainda mais a vaidade no ser humano é a bajulação. A bajulação é  combustível para uma pessoa vaidosa. Ela, faz com que o vaidoso  infle até ao ponto que   exploda. A bajulação se encontra, principalmente na esfera do poder, e este não precisa ser necessariamente o econômico, pode ser  o ´´poder`` religioso,  cito este, por esclarecer melhor a questão. Nas igrejas evangélicas, ainda  há muitos pastores, evangelistas, presbíteros, cooperadores de forma geral, que fazem parte do chamado ´´baixo clero``, são aqueles que detém uma autoridade eclesiástica e que são bajulados por pessoas, os famosos ´´puxa sacos``,  que  só faltam carregar no colo tais autoridades eclesiásticas, mesmo que as mesmas não detenham riquezas materiais e tenham consciência de que Jesus, é o verdadeiro centro das atenções... É claro, que a bajulação é muito mais discarada quando o alvo das bajulações é alguém rico e líder religioso de uma grande igreja ou denominação, às vezes provoca até asco, nojo, presenciar tais bajuladores em ação. Porém, a preocupação aqui, é que essa  bajulação  ajude na construção da vaidade que é possível porque o vaidoso gosta de ser bajulado. Isto é  preocupante, pois não importa qual seja o tipo de liderança; tal pessoa, de pouca ou muita responsabilidade, é alguém que deve saber os males que a vaidade e a bajulação acarretam, tanto para o seu interior, como para o aspecto coletivo de suas responsabilidades, como lider de uma equipe.

Como é passageira a vaidade... Será?
A vaidade até se estende a enriquecer de adornos o mesmo pobre horror da sepultura (Matias Aires )

O ser humano, já nasce com um destino certo. Irá morrer! A vaidade é um artifício da natureza humana para prolongar, nem que seja temporariamente, a finitude de tudo aquilo que relaciona-se com às práticas humanas. O vaidoso, por conseguinte, permanecerá sempre vaidoso. Não há características boas ou más que serão frutos da velhice, o envelhecer, somente revelará com mais intensidade, o que já existia mesmo de forma camuflada.  A rabugice não é um ´´efeito`` da velhice, aquele(a) que é rabugento(a) na velhice, já o foi  na idade juvenil e na meia idade também; o que acontecia nestas épocas, era mais fácil  de camuflar tal rabugice. E, este  não é um pensamento original, Cícero há muito ensinava isto. Assim é a vaidade, ela acompanha o ser humano até os seus últimos dias. 

Se existe uma época que dinamizou, tornou ainda mais propício tal esquema é justamente esta  atual, também denominada, ´´época da juventude eterna``.Haja visto a multiplicação de ambientes para proporcionar tal ´´maravilha`` do século XXI, tais como: academias, centros de estéticas, clinícas de cirurgias plásticas, e outros, todas ferramentas a serviço da vaidade humana, o qual  em nossos dias são chamados de ambientes para o ´´cuidado com a saúde física e mental`` do ser humano.

Portanto, a vaidade não é passageira como pensam alguns, ela ainda permanece em muitos, tanto  nos últimos anos de suas vidas, como nos seus últimos suspiros e  alcança até mesmo à sepultura destes  .
Encerro este capítulo, citando  Matias Aires:´´ Só a vaidade é constante em nós; em tudo o mais a firmeza nos molesta: com o tempo e a razão vimos a perder uma grande parte da sensibilidade no exercício das paixões; porém o exercício da vaidade não se perde com a razão nem com o tempo.``


Como o mundo digital perpetua a vaidade.
Trazem os homens entre si uma contínua guerra
de vaidade; e conhecendo todos a vaidade alheia,
nenhum conhece a sua: a vaidade é um instrumento, que tira dos nossos olhos os defeitos próprios, e faz com que apenas os vejamos em uma distância imensa, ao mesmo tempo que expõem à nossa vista os defeitos dos outros ainda mais perto, e maiores do que são. A nossa vaidade é a que nos faz ser insuportável a vaidade dos demais.``
(Matias Aires)

Ao escrever este breve tratado sobre a vaidade, quero deixar claro que procurei fazer um estudo particular, para ajudar-me quanto a esta armadilha tão perto de cada um de nós, pois não sendo diferente dos demais seres humanos, estou tão próximo da vaidade como qualquer outra pessoa. Porém, decidi tornar tais palavras públicas, pois como foi pontuado em todo este texto, vivemos em uma época onde procuramos tratar de assuntos que não nos atinjam, mesmo dentro de aspectos éticos e morais. Contudo, ao pensar e refletir sobre este assunto, percebi que preciso está atento e por isto mesmo, vigiar mais quanto a atuação da vaidade em minha vida. E, comentando com algumas pessoas sobre este estudo, foi-me sugerido que publicasse, principalmente este último ponto do estudo, que versa sobre como a vaidade está intimamente ligada a conjuntura atual das mídias digitais.

Mas, como  pode ligar a vaidade com as Mídias Digitais? Infelizmente, penso que nunca deve ter surgido antes, entre as tecnologias construídas pelo ser humano, uma ferramenta tão estimuladora e facilitadora para a vaidade, como as mídias digitais. Entretanto, é importante frisar que o problema não está somente nelas, na verdade, há uma colaboração entre a natureza humana caída e tais ferramentas,pois principalmente através das chamadas ´´Rede Sociais``, desmoronaram barreiras que impediam ampliar o desejo de todo o vaidoso , quais sejam elas, as barreiras da instantaneidade, da popularização e da globalização.

Na atualidade, o supra sumo da vaidade são as Redes Sociais, o vaidoso ´´trabalha`` com algo efêmero. E, o que são  palavras, fotos e vídeos postados a cada hora ou mesmo  quase todo dia nas Redes Sociais , senão sinal da finitude, do efêmero que estão em todas estas publicações passageiras? Contudo, as Redes Sociais não teem em seus ingredientes somente o aspecto efêmero das coisas, elas permitem ridicularizar, esnobar, denegrir como nenhuma outra ferramenta de comunicação. E, como foi colocado acima, uma das armas mais usadas pelo vaidoso é  manchar a imagem do outro, a fim de que somente a sua ´´luz`` brilhe, e ´´brilhar`` é algo que mais o vaidoso deseja e gosta, principalmente para mostrar aquilo que ele, na verdade, não é.

Nas redes Sociais, há a possibilidade de potencializar a visibilidade estética das pessoas.   O Brasil é um dos países com mais fotologs no mundo e de maior participação nas demais Redes Sociais, onde existem milhões de fotos e vídeos expondo as pessoas, com isto não estou  querendo dizer que o brasileiro é vaidoso... aliás, nós somos um povo vaidoso, assim como qualquer outro povo ocidental.

Outra característica que as Redes Sociais favorecem é o fato de proporcionar ao vaidoso, a possibilidade de se enxergar cada vez melhor, mais inteligente, mais importante. Entretanto,  há fotos e vídeos pra lá de esquisitos e bizarros em Redes Sociais, mas como escreveu o filósofo paulista, Matias Aires ´´ a vaidade é um instrumento, que tira dos nossos olhos os defeitos próprios``.Então, a  perpetuação dos ´´sabidos``, que é o lado intelectual dos vaidosos irá se multiplicar mais e mais na Rede Mundial de Computadores.

Um outro aspecto que casa muito bem a vaidade com as Redes Sociais, é o fato da mesma ser construída, como citado acima, pela bajulação. Isto não é fato desconhecido por ninguém, que algumas pessoas  que ´´curtem``, ´´seguem``, nada mais estão fazendo do que bajularem a outras pessoas, que querem ou não ser bajuladas. É lógico,  aqui a ênfase está nos vaidosos, e como é de conhecimento geral eles gostam de ser bajulados, e para tal propósito  são profícuos e incansáveis em postar mensagens, fotos e vídeos para através dos mesmos receberem aplausos dos bajuladores de plantão.

Conclusão

Tire a sua própria conclusão, através destas passagens da Bíblia:
Quando Moisés disse a Deus, que não queria um povo saído dos seus lombos ( Ex.32:10-14).
Ao ver Maria  entoando o Magnificat, principalmente quando ela diz´´ (...) encheu de bens os famintos e despediu vazio aos ricos(...)`` (Lc. 1:46-55).
Ao ler Paulo, dizendo: ´´vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim (...)``(Gl.2:20).  
Ao saber de Jesus,´´ Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz `` (Fp.2:06-08).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada – Edição Revista e Corrigida – SBB - 1987
Bíblia de Jerusalém – Edições Paulinas – 198
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=38089

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